15 de abril de 2008

Lido no Diário Económico de hoje

A qualidade dos colunistas do Diário Económico é muito boa - quem acompanha este blogue já se apercebeu dessa minha opinião que, estou certo disso, aceitam. Há dias onde as colunas com interesse abundam - é o caso hoje. Por isso não faço o que, habitualmente, faço - transcrevê-las: indico as ligações e apresento os excertos que, de uma maneira ou outra, melhor caracterizam, a meu ver, cada uma das opiniões. Aí vai:







  • A nossa dor de André Macedo: sobre a actuação da Ministra da Saúde - preocupante. De acordo com muita coisa do que é dito. O excerto é o final da coluna:

    "Sobra, portanto, só um ponto, que deveria refrear o entusiasmo da ministra: ao dizer o que disse, ficou a impressão de que será mais tolerante com os gastos, menos dura com o desperdício, desde que se tenha “o cidadão em consideração”. Ora, é por ter “o cidadão em consideração” que é fundamental consolidar os métodos de gestão privada e dar espaço aos privados para desenvolverem os seus negócios, desde que fiscalizados por um regulador eficaz. Sem estes dois elementos – boa gestão e concorrência –, o SNS voltará à má vida anterior. Nessa altura, o problema já não será de Ana Jorge. Será do país."

  • Grande política de Bruno Maçães: sobre o impacto da revolução bio-tecnológica e como isso obriga o regresso da "grande política":
    "A revolução biotecnológica começou ontem. Começa a grande política.Eis o que quero dizer com esta expressão. Durante dois ou três séculos foi muito mais fácil manipular o mundo exterior do que a natureza humana. Também tentámos manipular a segunda, claro, com recurso à propaganda e à educação, à psicanálise ou à cirurgia plástica, mas os resultados foram decepcionantes. A consequência foi a perda de importância da política, que não é senão a tentativa de transformar os homens."

  • Brechas no consenso de Miguel Castro Coelho. A desigualdade (e o enfraquecimento das redes de segurança social nalguns países, e.g., caso dos EUA) induz reacções que poderão por em causa a globalização e o comércio internacional:

    "O aumento da disparidade na distribuição de rendimentos nos países desenvolvidos é uma tendência marcante do processo de globalização que não pode continuar a ser ignorada. A integração internacional dos mercados assenta num equilíbrio de consensos políticos que se tem vindo a tornar cada vez mais precário. ...

    ...Mais recentemente nuvens muito negras começaram a pairar sobre o papel do sector financeiro nesta história. Primeiro, por aquilo que a actual crise financeira colocou a nu: a capacidade de o sistema gerar rendimentos elevados para os ‘insiders’ enquanto uma espiral de alavancagem artificial perdura, e transferir os custos para a generalidade dos contribuintes quando a realidade bate à porta. Segundo, e como consequência do ponto anterior, pelos sinais cada vez mais fortes de uma desconexão grave entre o valor acrescentado pelo sistema financeiro e a parcela do produto de que se apropria. Terceiro, pela eficácia dos seus ‘insiders’ para evitar a malha fiscal – há alguns meses atrás Nicholas Ferguson (’chairman’ da SVG Capital) mostrou-se indignado por ser tributado a uma taxa efectiva inferior à da sua empregada de limpeza (situação que Paul Krugman, noutro contexto, apelidou de ‘Robin Hood in reverse’). Quarto, pela influência que o sector financeiro tem desempenhado no estímulo à criação de bolhas imobiliárias (e.g. EUA, e agora em Inglaterra) e, por inerência, no estímulo ao endividamento excessivo, à fraca poupança líquida nacional e ao desequilíbrio externo."

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