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2 de março de 2016

Pedagogia sobre consolidação orçamental versus desigualdade e pobreza

Uma boa lição de economia sobre os cruzamentos entre desigualdade, pobreza e consolidação orçamental - começa assim: 

" Continuando a série:

No post inicial da série escrevi que as medidas de consolidação orçamental tomadas durante o período da Troika foram “altamente progressivas”, uma afirmação que parece ter gerado estranheza. Suponho que seja porque não bate certo com a percepção subjectiva que a maioria das pessoas tem daquilo que aconteceu nos últimos anos: uma crise económica profunda, com impacto sobretudo junto das classes mais baixas.

As duas ideias, porém, não são necessariamente contraditórias. É isso que este post tenta mostrar..."

A regressividade do Orçamento (IV) – As classes mais pobres não sentiram a crise? E qual foi o papel da austeridade?

25 de fevereiro de 2016

A coisa é até simples de perceber; exige é que se tenha (que se queira) o modelo de explicação adequado.

Explanação do problema português atual, de modo claro, eficaz e eficiente - enfim, porque razão a tragédia existe, as suas causas primeiras, isso só, lateralmente, é abordado. Leitura recomendada. O comentário mais curioso, a modos como encriptado, é o contido na última frase.

Não Há Almoços Grátis - A tragédia - João César das Neves - DN

23 de fevereiro de 2016

Olhem, algo sobre o orçamento que é informativo e não barulhento no mau sentido

A análise é de Pedro Romano, economista, com o blogue Desvio Colossal (de que recomendo, vivamente, a leitura) - é uma análise bem informada (mais técnica no blogue) e equilibrada (entenda-se, não sectária, o que é algo importante nos dias que correm).

18 de fevereiro de 2016

Uma dúvida essencial

Nesta parábola de João César das Neves o que me, ainda, levanta dúvidas não é a adequação do acidente do Titanic como imagem evocativa do que se passou em Portugal, no período do pré-ajustamento, e na primeira fase do ajustamento - é a interpretação das razões que explicam o comportamento da oposição, máxime, do partido Socialista em todo o processo. Isso, é, ainda, para mim, nebuloso: tratou-se, trata-se, de expedientes políticos, de taticismos "casuísticos", ou, mesmo, da real convicção política do processo de ajustamento, no seu todo, ter sido um erro? Esta é uma das questões políticas mais determinantes que Portugal tem neste momento, e muito em particular, a esquerda (não da esquerda à esquerda). Por exemplo, António Vitorino, ouvi-o eu dizê-lo, na TV, que não havia dúvidas que o ajustamento tinha sido necessário. Se António Vitorino o diz, essa é, a convicção do PM? Não sei responder.


Não Há Almoços Grátis - Titanic - João César das Neves - DN

9 de maio de 2012

Para perceber a Merkel

Isto não esgota a conversa: não é toda a história, mas é uma parte que não pode ser esquecida e que tem de ser integrada em qualquer narrativa em que se aposte como a mais correcta. Um dos problemas com que nos debatemos não é a diversidade das narrativas em presença: é a desonestidade intelectual... que faz com que se esqueçam, por exemplo, os exercícios aritméticos simples do Medina Carreira, e outras coisas quejandas, nalgumas narrativas, e noutras, se esqueçam outro tipo de exercícios aritméticos simples, sempre de modo a afeiçoar a narrativa aos interesses partidários, ideológicos, etc. de curto prazo. Querem um exemplo? É o caso do crescimento versus austeridade. Não é esse o dilema que tem de ser resolvido: aquele que tem de ser resolvido, é de como crescer sem agravar no curto e/ou médio prazo os problemas que, em primeiro lugar, nos colocaram neste sarilho: endividamento público e endividamento externo. Ora, isso é difícil como o caraças, donde toda a nossa gente discursa, improvisa, joga no ad-hoc (alegremente?) porque - é a mesma reserva mental que está lá, detrás do teatro de sombras que tudo isto é - ao fim do dia, como contava Correia de Campos do que dizia um responsável da saúde, que não conheceu a tempo de o despedir, gasta-se, porque alguém há de pagar .

A nota abaixo deve ser lida na totalidade


várias das posições sobre os programas de austeridade em Portugal têm defendido uma flexibilidade no processo, e culpabilizando Angela Merkel pela falta de compreensão com os povos do Sul da Europa, falando em maior solidariedade e em necessidade da Alemanha (e países próximos) pagarem um programa de crescimento europeu, seja via os agora famosos eurobonds via directa pelo orçamento comunitário.

O artigo de Han-Werner Sinn publicado ontem no Jornal de Negócios deve-nos porém fazer pensar que o problema não está em Angela Merkel, ela própria limitada pela opinião pública alemã, muito influenciada pelas posições deste economista (e doutros que com ele alinham). Escreve Sinn “Muitos solucionariam o problema concedendo crédito cada vez mais barato, através de canais públicos – fundos de resgate, eurobonds ou BCE – provenientes do núcleo estável da Zona Euro e direccionados para um Sul em dificuldades. Mas isso obrigaria, injustamente, os aforradores e contribuintes dos países desse núcleo a fornecerem capital ao Sul sob condições que nunca aceitariam voluntariamente. [....]

19 de março de 2012

Fica a informação ...


Table 1. Ranking of World official gold holdings (as of Nov or earlier 2011*) 


Source: World Gold Council. Note: * Data are taken from the IMF’s IFS, Dec 2011 edition. Holdings are as of November 2011 for most countries and October 2011 or earlier for late reporters.

3 de março de 2012

O que é o populismo?

O bold é meu.


Populism can be defined by two key features:

  1. Consensus gathering based on promises of redistribution to the masses.
  2. Concealment of government budget constraints from the voters.

These flourished in Latin America, mostly during boom times.Populist governments that succeed in good economic times can easily implement public expenditure policies which are, in fact, procyclical, as a number of research contributions show (Akitoby et al. 2004, Kaminsky et al. 2004, Talvi and Vegh 2005). Indeed, in Latin America populism is widely understood as excessive public spending during booms. Obviously, fiscal policies should, instead, be  countercyclical in order to fulfill the basic principle of consumption smoothing at the aggregate level and the idea of accumulating public sector precautionary savings as insurance against future recessions. Finding a procyclical pattern of government spending is even more shocking because, in developing countries, the business cycle is much more pronounced and volatile than in developed countries.


Implicações


"The essence of crisis is unpredictability. The crisis that is confidently believed to involve no danger of things getting out of hand is no crisis"

Jacob Kirkegaard

Enfim...


Infrastructure investment only makes sense when there is a clear problem that needs solving and when benefits exceed costs.

28 de fevereiro de 2012

Em síntese, estamos onde estamos porque...

... como explicam os números do BP da semana passada, na última quinzena de anos, [...] o crédito foi esmagadoramente para aquilo que que se chama de sectores não transacionáveis [...] quase 3,5 euros em cada 5 euros de crédito foram concedidos a construção, imobiliário, habitação, obras públicas; só 6% (3 centimos daqueles 5 euros) foram o sector transformador... Porquê? Ora, porque os sectores protegidos, em conjunto com os Governos e bancos, seguiram o que tinha menos risco...para si. Naquela altura, isso gerou lucros e empregos. Mas não transformou a economia, nem sedimentou a sua sustentabilidade e a do emprego.

Não é possível ter uma recuperação económica assente perpetuamente num desiquilíbrio externo alimentado pelo défice orçamental. E economias pequenas e abertas não sustêm o crescimento da despesa interna se não forem estruturalmente sólidas.[...]

É simples. É quase como ensinar economia às crianças. Tirei isto (o que está a itálico) do editorial do Jornal de Negócios assinado pelo director Pedro Santos Guerreiro, denominado Despojos da Krugmania. Comprei o jornal para ler a entrevista de Krugman (ainda não a li). Haveria muito a dizer sobre esse editorial, mas fica para outra oportunidade.

7 de fevereiro de 2012

As lições gregas

Sou da opinião que a Grécia pode funcionar bem como o benchmark negativo da nossa situação. Portugal não é a Grécia, mas esta ilustra o ponto a que poderíamos chegar se algumas nossas disfuncionalidades não fossem resolvidas de modo adequado. As nossas diferenças com a Grécia têm a ver numa parte significativa com a história (por exemplo, se não tivemos um século XIX bom, os gregos tiveram um horrível ) e a geografia (a sua perificidade é maior do que a nossa), mas existem parecenças, embora, sempre menos virulentas no nosso caso. Não tenho tempo para desenvolver o ponto, mas a leitura de algum do material apresentado abaixo (nomeadamente, a primeira e última referências) é convincente quanto à correcção do argumento. O restante material diz respeito mais às posições, e às razões que as determinam, que estão a ser tomadas, externamente, quanto à Grécia e podem desembocar num desastre não só para os gregos como para todos.






PS: Ainda mais esta referência:  

The Portuguese Economy: Eurobonds: a Greek tale with three lessons

31 de janeiro de 2012

Sobre as questões de saúde, lá e cá.

Acabei de ouvir o médico e professor Manuel Sobrinho Simões discretear, no programa Contra Corrente da SIC Notícias, sobre o serviço nacional de saúde: bom senso; lucidez; inteligência; frontalidade e capacidade de equacionar,de modo convincente, os problemas de eficiência com a defesa dos direitos dos doentes. Se não viu, aceda ao site da SIC Notícias para visualizar o vídeo.

É óbvio que o serviço nacional (e regional) de saúde necessita de recursos financeiros, mas precisa (talvez mais) de tudo aquilo que o professor diz. Eu acentuaria aquilo que enfatizou sobre o carácter imperioso de responsabilizar os doentes na minimização dos factores de risco para a sua saúde. Mas para isso suceder é necessário esclarecer, trabalho dos profissionais de saúde é claro, mas não só - o combate ao consumo do tabaco foi assumido por todos, como deveria sê-lo, por exemplo, o combate ao consumo do açúcar (em todas as suas formas), às más práticas nutricionais (o Correio dos Açores trazia hoje um artigo muito interessante a esse respeito).... O cancro nos Açores combater-se-ia também assim, e se o trabalho fosse feito de modo adequado, não seriam necessários, eventualmente, tão grandes recursos financeiros como isso para obter resultados.

Na política da saúde, como nas outras políticas públicas, o esclarecimento, a responsabilização, e a participação dos cidadãos são condição incontronável de práticas e soluções políticas eficazes (e desculpem lá, eficientes). Ora, a responsabilidade do processo ser iniciado e sustentado impende sobre a classe política (governo e oposição), e o facto de ela não estar neste capítulo à altura é que faz com que alguns (muito poucos) vão aos arames. A política em Portugal, na parte que diz respeito à produção de bens públicos e semi-públicos, é somente uma questão de cobertura orçamental - e depois são aqueles que reclamam da eficácia e de eficiência é que são economicistas: veja-se a irritação do António Barreto com o uso e abuso do epíteto no lançamento de um livro da FFMS sobre a saúde, numa entrevista ao Expresso, em Dezembro passado,se bem me lembro.

E já agora, que tudo isso está ligado, para perceber como é que chegamos aqui, leiam (ainda estou a ler) de Paulo Trigo Pereira, Portugal: Dívida Pública e Défice Democrático, da Fundação Francisco Manuel dos Santos. É informação para os cidadãos, com os economistas a não perderem nada em lê-lo também (as licenciaturas, por vezes, aconteceram há muito).