27 de maio de 2009

Eleições Europeias II

Artur Lima, do PP, alertou para o facto do cabeça de lista do PS, Vital Moreira, ser "um comunista disfarçado; um inimigo figadal da autonomia" e que votar na lista do PS "é votar no Partido Comunista; é votar em Sócrates".

Artur Lima deveria ter sido mais completo no seu esforço de consciencializar os cidadãos eleitores açorianos, e ter acrescentado o facto, sobejamente conhecido, de Vital Moreira ser um Illuminati e um cristão novo encapotado; um Rosa-Cruz; membro não assumido do ramo esquerdista (pouco conhecido, é bom reconhecê-lo) da Opus Dei (ligação ao movimento dos padres operários); membro destacado da Sociedade de Thule com ligações fortes à Ordem dos Templários (não a oficial, assentue-se); um adepto dos Bene Gesserit, mas, também, o que não deverá surpreender, conhecendo o seu perfil, um membro do Ichwan Bedwine (se não sabe, não pergunte!); e muito mais, poderia acrescentar (na verdade, como alguns amigos, e outros não tão amigos como isso, podem testemunhar, conheço alguma coisa desses meios, embora, deva confessar, acabar por ficar confuso, por vezes, ao tentar estabelecer os nexos de causalidade entre eles).

Temos de convir que Vital Moreira é uma personalidade complexa, de quem nem se sabe metade, e a sua eleição terá implicações que vão muito para além daquilo que Artur Lima apontou. No entanto, como Karl Marx poderia ter dito (ponho assim, porque não tenho a certeza se ele não o disse mesmo), do mau pode brotar, dialecticamente, o bom, e o bom, neste caso, será o seguinte: com a qualidade que alguns amigos da autonomia têm, a dita, (a Autonomia), precisa, como pão para a boca, de inimigos com a qualidade de Vital Moreira (que, atrevo-me a dizer, Artur Lima não contestará, pelo menos em termos humanos e intelectuais), e, também por isso, tudo sopesado, voto nele, na minha qualidade de açoriano.
PS: Fui alertado para as declarações de Artur Lima pela notícia da RTP-Açores quanto à candidata do PP reclamar a cobertura de cerca de 80% das necessidades dos Açores em energia (eléctrica, pressuponho eu) pelas renováveis. Gosto de ouvir um político dizer isso, embora, não perceba como é que se fala do assunto sem referir a questão da eficiência energética, já que, sem ela contemplada, tudo o que se possa adiantar de objectivos neste domínio, prima pela fantasia, como deveria ser bom de ver.
PS (1): Discussão sobre sondagens: Margens de erro: Intervalos de confiança (só para nerds). Para quem não estiver interessado nessa discussão, mas sim para que apontam os resultados, ver o último parágrafo.

25 de maio de 2009

Às vezes, convenhamos, até não é necessário um Pacto

Esta história Dani Rodrik's weblog: When textbook macro pays off é chilena, fala de uma actuação de política económica correcta, e acaba por parafrasear, em alguma medida, o conteúdo da nota anterior.

Sobre o pacto de estabilidade e crescimento

Na inspecção que estou a fazer das coisas que guardei durante o meu, mais recente, interregno bloguístico, deparo-me com esta nota: Bicho Carpinteiro: Um pacto sem seguidores. Guardei-a para fazer, a seu propósito, um comentário extenso - falta-me, no entanto, confesso, a disposição para isso, neste momento. Fica, contudo, o que se segue, a partir do segundo parágrafo, como modo de me comprometer, de no futuro, voltar ao assunto [auto-crítica: aliás, tenho uma nota anterior (ver aqui) tocando o assunto, que deveria ter sido completada].

O Pacto de Estabilidade e Crescimento, mais do que nunca, tem o apoio de muita, e boa gente. A sua génese, e os objectivos que prossegue, foram determinados por fundadas preocupações sobre a "governança" económica da UEM, que a crise actual - como se tal fosse necessário - veio a validar. Como era de todo de esperar, a sua construção e a sua implementação, foram e continuarão a ser políticas, com tudo o que isso implicou, e continua a implicar - e uma das coisas que implicou, é que o Pacto foi o melhor que foi possível arranjar na altura: mesmo agora, talvez não fosse obter algo de muito diferente [e, há tanto que é necessário, ainda, fazer nesse campo (ver aqui)] . O que de essencial importa reter é que sem a disciplina (ainda que imperfeita) que impôs, a UEM (e, em particular, o seu Sul) ter-se-ia confrontado com esta crise numa condição de desarme muito maior - que pena, pois, que o compromisso político tenha desembocado só num limite para o défice orçamental, de 3%...

O Pacto será tão mentiroso como qualquer outro processo político de decisão concluído o é: todos resultam de compromissos; todos têm efeitos secundários; todos criam incentivos ao seu não cumprimento. E quanto à boca: "há mais vida além do défice", até há - o que importa saber, mais não fosse porque o combate ao défice, também disso depende, de que vida (económica, pressuponho eu) estamos a falar. O erro de Manuela Ferreira Leite não foi o de combater o défice, foi o modo como o fez.

Eleições europeias

Voto na lista do PS ao Parlamento Europeu por diversas razões. Elas são: o respeito que tenho por Vital Moreira (pela pessoa, pelo intelectual, pelo político; pelo militante de esquerda efectivo, que é); porque os resultados destas eleições para Sócrates, tendo em vista as legislativas, sã0 importantes; porque, nunca como agora, a oposição partidária (mas não só) ao Governo, me irrita de sobremaneira.

O candidato do PS Açores é uma pessoa estimável e tenho uma boa opinião a seu respeito.

Sobre as sondagens mais recentes, vejam esta nota: Margens de erro: "Empate técnico".

...

Espero que desta feita, o regresso ao trabalho no blogue, seja mesmo seguro, embora o meu computador não esteja ainda nos conformes (estou a trabalhar no velhinho, devidamente "upgraded") - e, [recado a mim, e a quem possa ser útil] nunca deixar de recuperar as disquetes de recuperação do sistema quando se compra um computador novo: os aborrecimentos dessa falta de cuidado podem levar anos a chegar, mas chegam.
A quantidade de coisas que fui acumulando, é grande: o "exagero" da multiplicação das notas neste blogue deve acontecer em proporção.

19 de maio de 2009

O Outras Margens fala da Bela Vista

Esta nota (artigo no Público, penso eu): Outras Margens: Num país a sério critica, de modo acerbo, a nota de Pacheco Pereira sobre as reacções ao que se passa (ou se passou) naquele bairro, e a que fiz referência na minha nota (imediatamente) anterior. É uma nota exemplar, pela latitude de informação que dá e pela qualidade do que diz - deve ser lida.
Qualifica, como é óbvio, como pouco cuidadoso o modo como referi a nota de Pacheco Pereira. Mantenho, no entanto, o essencial do que disse.

18 de maio de 2009

De regresso (espero eu): o Bairro da Bela Vista

Ler o que Pacheco Pereira diz aqui: ABRUPTO [SE PORTUGAL FOSSE UM PAÍS A SÉRIO... (3)] "Se Portugal fosse um país a sério, não deixaria sequer um político balbuciar (como fazem no Bloco de Esquerda), face aos acontecimentos no Bairro da Bela Vista, que se trata de uma "questão social""

Entendamo-nos com a terminologia e com aquilo que se pretende afirmar.

Se, ao se apelidar de social o problema ocorrido naquele bairro, pretende-se dizer que a resposta de cariz policial não tem legitimidade, ou não tem legitimidade suficiente para ser autorizada a ter uma total autonomia táctica no estancamento do problema - a ordem pública deveria ser assegurada, defenderiam alguns (quase sempre de modo implícito), mesmo a nível táctico, sempre por uma acção mais ampla, integrando diversas componentes, das quais a policial seria somente uma, e, eventualmente, a não mais importante - então Pacheco Pereira tem toda a razão.

Os problemas de ordem pública, independentemente, dos erros de contexto que os originam, têm de ter, do ponto de vista táctico, uma resposta específica: policial e tempestiva. Por todos os motivos, mas em particular porque são um problema terrível para o conjunto das pessoas que convivem, de modo directo, com ele. E nisso, Pacheco Pereira continua a ter razão: quem mais sofre com os bandidos, são os vizinhos dos bandidos.

Agora, isso é um facto, que existem problemas de contexto, que são ignorados de modo sistemático, ao longo dos anos, e que ajudam, por isso, a criar um caldo cultural, e um subsistema "geográfico", que potencia esse tipo de problemas, disso não tenho dúvidas.
O que não sei com certeza, é se esse acto de ignorar não é, do ponto de vista objectivo, mais do que um expediente de quem se convence que não há solução - porque não sabe, ou não quer esforçar-se por saber, ou não quer arriscar tentar outras soluções - ou se está nas tintas para o que possa suceder depois.

12 de maio de 2009

Sorte não sei bem de quê...





Ainda com o meu computador avariado, e recorrendo a outro; espicaçado pelo apelo do In Concreto (ver, por exemplo, A Sorte das Vacas, Marcação Cerrada, Cartoon de Crédito - acima- e percebendo - 3º ponto - a irritação de outros); referir, tão-somente, sobre a questão de monta do actual momento político açoriano, o que se diz, a-propósito, em Margens de erro: Sondagens e democracia:

















  • Há sempre uma grande discussão sobre o papel das sondagens na democracia. Há quem aponte consequências negativas. Num post que escrevi há uns anos, assinalei - por interposta pessoa - uma delas: um efeito negativo na forma como se cobre noticiosamente a actividade política. Mas também já citei aqui, há menos tempo, uma conferência do Stanley Greenberg onde ele explica como, se bem com dúvidas e hesitações, acabou por concluir por um saldo positivo: conhecer o que os cidadãos preferem pode ajudar a fazer com que os líderes políticos "respeitem as pessoas, respondam aos seus interesses e torná-los, em última análise, susceptíveis de serem politicamente responsabilizados."


    Por estes dias, passa-se algo que me faz lembrar estas palavras de Greenberg. Ao abrigo do novo Estatuto dos Açores, a Assembleia Legislativa Regional prepara-se para legalizar a "Sorte de Varas" em toda a região, ou seja, se bem percebo - não sou nada entendido - as corridas de touros com picadores. O tema tem sido controverso nos Açores mas - digo isto à distância, talvez esteja errado - não parece ser suficientemente importante para poder ditar o resultado de futuras eleições.


    Em circunstâncias destas, os agentes políticos têm incentivos para acederem à vontade de interesses particularistas, que até podem ser partilhados por muito pouca gente mas estão bem organizados e dão grande importância a um determinado tema. Neste caso, os membros da Tertúlia Tauromáquica Terceirense.Mas o que pensa a generalidade dos açorianos de tudo isto? A verdade é que não se sabe. É até possível que a maioria esteja a favor ou seja indiferente.








Nota exemplar, a diversos títulos (quais? TPC).







Fica a pergunta: o que pensam, efectivamente, os açorianos sobre isto?


























2 de maio de 2009

Problemas (III)

Não resolvi, ainda, os problemas com o meu computador - esta nota foi introduzida através de um outro computador. O tempo que levam os consertos...