30 de setembro de 2009

Para memória futura do blogue (ainda vai ser necessária)

Uma boa síntese do Causa Nossa (do Vital Moreira, Permanent Link) do que se passou:

"Decididamente, o desatino tomou conta o Palácio de Belém. A comunicação de Cavaco Silva há-de ficar nos anais do nonsense político entre nós. Lembremos os factos.
Em Agosto, o Público relata que uma fonte da Presidência da República informa que Belém suspeita de estar a ser "vigiada" pelo Governo. A história é logo transformada num caso de "escutas" a Belém. Cavaco Silva não desmente nem esclarece a acusação, dando a entender que concorda com a grave alegação. O PSD e explora longamente essa estória contra o Governo e o PS, construindo a teoria da "asfixia democrática", com largo apoio da comunicação social. Cavaco Silva nem se demarca nem se distancia, deixando que a questão renda politicamente ao PSD.
Em Setembro o Diário de Notícias publica um email entre jornalistas do Público -- cuja genuinidade não foi posta em causa --, onde se relata que a fonte da tal noticia era um conhecido assessor de Belém, e que este terá dito que estava a actuar a pedido do Presidente. Nem o dito assessor nem Cavaco Silva desmentiram nem esclareceram os factos relatados no email, apesar do clamor geral nesse sentido.É evidente que pelo seu silêncio ruidoso, Cavaco Silva deixou que uma história inventada em Belém fosse aproveitada politicamente pelo PSD.
Vir agora acusar o PS de ter tentado "arrastá-lo para a luta política" é o cúmulo da hipocrisia e do farisaísmo.Algo não está bem com o Presidente da República."

Explicações e uma dúvida

  1. É assim: - começa-se a fazer e faz-se um, duas, mais vezes, e com sucesso, e com impunidade; e a complacência, a displicência, e a húbris aumentam, até que, com os freios nos dentes, tronpicam e espalham-se, embora tenha de admitir, por honestidade intelectual, que alguém possa ter utilizado o momentum da sua cavalgada, para lhes passar uma rasteira. Para não haver dúvidas: eu estou a falar da máquina atrás da campanha negra contra o PS.
  2. Quanto ao que sucedeu a MFL: - como o marido da senhora que vem cá a casa fazer a limpeza - lavrador do Porto Formoso com cerca de 20 vacas - disse à mulher antes das eleições: " ... ficamos pior com ela do que com o Sócrates" ou seja, MFL, entre (muitos) outros motivos perdeu porque provocou um cagaço a parte da população.
  3. A intervenção do Presidente justifica-se, em parte, pelo seu direito à indignação, convenhamos. Sócrates se tivesse utilizado a bitola da intensidade da resposta do Presidente, o que é que teria feito?
  4. Será que esta intervenção, antes das eleições teria mesmo favorecido o PSD, mesmo na ausência da réplica do PS? A dúvida coloca-se porque isto tudo é um teste à perspicácia dos portugueses.

29 de setembro de 2009

Da importância do computador Magalhães

A importância do computador Magalhães, ao ser distribuído a todas as crianças do País, é a mesma, nem mais nem menos, que teria tido a distribuição de lápis, cadernos e livros de estudo,  a todas as crianças do País, por exemplo, no princípio do século XX - nos primeiros anos da Revolução Russa de 1917, as crianças famintas pediam lápis. Num caso e no outro, num momento e no outro, tratam-se  de instrumentos, de ferramentas, que por si só não asseguram a instrução, mas que são necessários para facultar oportunidades e desafios interessantes às crianças.

Mas o computador Magalhães tem ainda um objectivo estratégico determinante: o de criar habituação ao manuseio da ferramenta informática, e assegurar as bases de uma literacia informática.

Hoje, vimos os perigos da ileteracia informática, e eu soube que os serviços da Presidência da República Portuguesa têm um nível de assessoria informática que seria inconcebível ter onde trabalhei antes da reforma: na SRPFP e na Vice-Presidência do GRAA.

Agradecia que tomem nota que o computador Magalhães foi uma excelente iniciativa do governo de José Sócrates, devidamente apreciada internacionalmente, e devidamente depreciada, denegrida, caluniada pelo PSD.

Diversos sobre o modo como os Eua estão a responder aos desafios

Algumas das coisas que fui lendo a propósito do momento dos EUA - mas, muito ficou pelo caminho.

Op-Ed Columnist - Cassandras of Climate - Krugman - NYTimes.com:
But the larger reason we’re ignoring climate change is that Al Gore was right: This truth is just too inconvenient. Responding to climate change with the vigor that the threat deserves would not, contrary to legend, be devastating for the economy as a whole. But it would shuffle the economic deck, hurting some powerful vested interests even as it created new economic opportunities. And the industries of the past have armies of lobbyists in place right now; the industries of the future don’t.

Nor is it just a matter of vested interests. It’s also a matter of vested ideas. For three decades the dominant political ideology in America has extolled private enterprise and denigrated government, but climate change is a problem that can only be addressed through government action. And rather than concede the limits of their philosophy, many on the right have chosen to deny that the problem exists.

Op-Ed Columnist - The New Sputnik - Tom Friedman - NYTimes.com:
If we can continue stumbling out of this economic crisis, I believe future historians may well conclude that the most important thing to happen in the last 18 months was that Red China decided to become Green China. [...]And when China decides it has to go green out of necessity, watch out. You will not just be buying your toys from China. You will buy your next electric car, solar panels, batteries and energy-efficiency software from China.

Corruption takes many forms in different countries and locations. Here in the United States it may not be as common to pay off a judge or a customs official as it is in most low- and middle-income countries, but we do have quite a bit of legalised bribery, especially in the form of electoral campaign contributions.
The most obvious current case is that of healthcare reform, where the powerful insurance, pharmaceutical and other lobbies are in the process of vetoing some of the most important parts of the healthcare reform that most Americans want and need.
Bill Moyers was on Bill Maher's show last night and spoke about the core failures of Democratic Party in the context of both the health care debate and the ongoing escalation in Afghanistan. The whole discussion is really worth watching [...] but I want to excerpt several key parts, including his very complimentary featuring of this post I wrote on Thursday regarding Democrats.

A strange madness - Paul Krugman Blog - NYTimes.com:

Something is going very wrong in the heads of a substantial number of Americans.

A acompanhar ...

Eden drying out Climate Ark News Archive: "The Garden of Eden is in danger of turning into a dustbowl. The legendary Eden was in Mesopotamia, the land between two rivers - the Tigris and the Euphrates. For hundreds of miles between their lower reaches there is fabulously fertile farmland.But it's hardly rained in Iraq for more than two years, the river levels have dropped by half in some places, and farmland is drying out."
Tem interesse inspeccionar as razões invocadas para o que está a suceder.

Polanski

Eu gosto dos filmes de Polanski. Não gosto nada do que alegadamente fez: ver o que diz Kate Harding: Reminder: Roman Polanski raped a child (via links for 2009-09-29 - J. Bradford DeLong's Grasping Reality with Both Hands).

E continua, e já não para amanhã, mas sim para hoje

"In a dramatic acceleration of forecasts for global warming, UK scientists say the global average temperature could rise by 4C (7.2F) as early as 2060." Continuar a ler em Four degrees of warming 'likely' Climate Ark.

28 de setembro de 2009

As diferentes modalidades de gripe


- tirados do excelente blogue (traz, por vezes, coisas surpreendentemente a contrário da "convencional wisdom" na área da saúde e da nutrição): Canibais e Reis » Blog Archive » As possíveis gripes, em versão ilustrada.

E continua ...


"Figure 1: Total Earth Heat Content from 1950 (Murphy 2009). Ocean data taken from Domingues et al 2008.
"Skeptics proclaim that global warming stopped in 1998. That we're now experiencing global cooling. However, these arguments overlook one simple physical reality - the land and atmosphere are only one small fraction of the Earth's climate (albeit the part we inhabit). Global warming is by definition global. The entire planet is accumulating heat due to an energy imbalance. The atmosphere is warming. Oceans are accumulating energy. Land absorbs energy and ice absorbs heat to melt. To get the full picture on global warming, you need to view the Earth's entire heat content.
This analysis is performed in An observationally based energy balance for the Earth since 1950 (Murphy 2009) which adds up heat content from the ocean, atmosphere, land and ice [já o tinha referido aqui: gráficos interessantes]. To calculate the Earth's total heat content, the authors used data of ocean heat content from the upper 700 metres. They included heat content from deeper waters down to 3000 metres depth. They computed atmospheric heat content using the surface temperature record and the heat capacity of the troposphere. Land and ice heat content (eg - the energy required to melt ice) were also included.
A look at the Earth's total heat content clearly shows global warming has continued past 1998. So why do surface temperature records show 1998 as the hottest year on record? Figure 1 shows the heat capacity of the land and atmosphere are small compared to the ocean (the tiny brown sliver of "land + atmosphere" also includes the heat absorbed to melt ice). Hence, relatively small exchanges of heat between the atmosphere and ocean can cause significant changes in surface temperature.
In 1998, an abnormally strong El Nino caused heat transfer from the Pacific Ocean to the atmosphere. Consequently, we experienced above average surface temperatures. Conversely, the last few years have seen moderate La Nina conditions which had a cooling effect on global temperatures. And the last few months have swung back to warmer El Nino conditions. This has coincided with the warmest June-August sea surface temperatures on record. This internal variation where heat is shuffled around our climate is the reason why surface temperature is such a noisy signal. [...]"
- continuar a ler em How we know global warming is still happening - Skeptical Science. Muito bom.

Santo Nome de Deus!

Efectivamente, eles (e elas) andam por aí, mas nos EUA são poderosos e são membros do Congresso, e estão a lixar a vida dos nossos filhos e de quem vier a seguir, mas o Blasfémias - segundo parece um pilar incontornável da bloguesfera nacional - dá-lhes cobertura [pesquisa neste blogue por Blasfémias]:
"Thank God the Senator from Oklahoma is here to promise us that that the Almighty will override at a planetary level the laws of physics He created and simply stop human-emissions of heat-trapping gases from ravaging his Creation. Now if we can only get Inhofe to tell God to stop all cancers and traffic accidents, too.

More seriously, the only thing more stunning than the fact that a U.S. Senator — the ranking minority member on the Environment and Public Works committee, no less — would advance such a predeterministic view is that anyone in the media would treat him seriously (see for instance, “NYT’s Green Inc. blog wins worst headline of the day“).

But this fundamentalist, anti-scientific tripe, far from disqualifying Inhofe, puts him in very good company with other leading conservative politicians:

In April, Rep. John Shimkus (R-IL) said he knows with 100% certainty that humans can’t cause devastating sea level rise because God said in the Bible he would “never again” devastate humans with a flood again (see Rep. Shimkus: “Man will not destroy this Earth. This Earth will not be destroyed by a flood.” Rep. Barton: “I wish I had another dozen John Shimkuses on the committee.”).

In July, Former House Majority Leader Dick Armey (R-TX) extended that doctrine. Armey told GOP members of Congress on Capitol Hill that because “the lord God almighty made the heavens and the Earth … to his satisfaction … it is quite pretentious of we little weaklings here on earth to think that, that we are going to destroy God’s creation” [see Lobbyist Dick Armey’s Gospel of Pollution (GOP)"].

27 de setembro de 2009

A vitória do PS

Não foi entusiasmante, mas, há que reconhecê-lo, vem no seguimento de tudo, e tudo aconteceu e fizeram com que acontecesse. A maioria absoluta do PS foi conseguida, em 2005, nas mais favoráveis das condições; esta maioria relativa do PS foi conseguida nas piores das condições - algumas decorrentes da própria actuação reformista do Governo. Nesta situação o crime não compensou o PSD, mas que provocou mossa ao PS, isso provocou.

As consequências de tudo isto, seguem dentro de momentos.


Eleições: abstenção em baixa?

Segundo o Bicho Carpinteiro: Até ao meio-dia... tinham votado mais 200 000 portugueses do que em 2005. Interessante. Se isto se mantiver, e se se traduzir na descida da abstenção, a quem a evolução irá favorecer? Eu tenho um palpite, mas, como não me arrogo de nenhuma competência analítica em matéria de resultados eleitorais, irei esperar calado, e sentado (literalmente).
PS: Actualização: há mais pessoas a votar, mas não é suficiente para diminuir a taxa de abstenção devido ao facto do aumento do universo dos votantes ser mais significativo. O meu palpite teria de ser muito mais qualificado, agora, nesta situação.

26 de setembro de 2009

E continua: glaciares do Tibet


"Because of climate change, the roughly 1.7-mile-long Baishui Glacier No. 1 could well be one of the first major glacial systems on the Tibetan Plateau to disappear after thousands of years. The glacier [...]has receded 830 feet over the last two decades and appears to be wasting away at an ever more rapid rate each year. [...]

[...] the Tibetan Plateau and its environs shelter the largest perennial ice mass on the planet after the Arctic and Antarctica [...] Its snowfields and glaciers feed almost every major river system of Asia during hot, dry seasons when the monsoons cease, and their melt waters supply rivers from the Indus in the west to the Yellow in the east, with the Ganges, Brahmaputra, Irrawaddy, Salween, Mekong and Yangtze Rivers in between. [...]

[...] the respected Chinese glaciologist Yao Tandong recently warned that, given present trends, almost two-thirds of the plateau’s glaciers could well disappear within the next 40 years. [...]Moreover, temperatures on the Tibetan plateau are rising much faster than the global average. [...] The slow-motion demise of Baishui Glacier No. 1 will have far-reaching consequences. [...]These will have national security consequences as countries compete for ever scarcer water resources supplied by transnational rivers with as many as two billion users.[...]"

Curiosidade histórica

"From the New York Times:

Ertugrul Osman, who might have ruled the Ottoman empire from a palace in Istanbul, but instead spent most of his life in a walk-up apartment in Manhattan, died Wednesday night in Istanbul. He was 97. …
Mr. Osman was a descendant of Osman I, the Anatolian ruler who in 1299 established the kingdom that eventually controlled parts of Europe, Africa and the Middle East. Mr. Osman would have eventually become the Sultan but for the establishment of the Turkish Republic, proclaimed in 1923. [...]"


- Lido em End of the Line? afoe A Fistful of Euros European Opinion

Geo-política do futuro

Jorge Nacimento Rodrigues, da Janela na web, entrevista Paul Starobin, autor de After America. Material interessante. Ler em “I do not believe in a G2 bi-hegemony”.

E continua: glaciares (Vídeo) - TED

- via Global Warming de Grasping with Both Hands, de Bradford DeLong. O vídeo fala por si, mas, irra, vejam-no até ao fim em qualquer caso - mas principalmente, devem fazê-lo, se - vamos admiti-lo por mera hipótese - eu tenha frequentadores do blogue que não aceitem o aquecimento global.

Como falar a completos imbecis

- Ler em How to talk to complete idiots / Three basic options. Choose wisely, lest you go totally insane; naturalmente, isto tem como fundo a situação norte-americana, mas atenção eles andam por aí: não têm (ainda?) é a força que têm nos EUA. Aquilo que me encomoda com o conselho dado, embora totamente racional (do ponto de vista da actuação individual), é como se faz, cívica e colectivamente, para conter a epidemia - a estupidez pega-se, donde há que ter mais atenção aos factores que permitem a sua propagação.
O articulista recomenda - e eu secundo o alvitre - que se veja o vídeo seguinte (retirei-o do denialism blog):

Acidificação dos Oceanos e Aquecimento Global


"Global warming is “capable of wrecking the marine ecosystem and depriving future generations of the harvest of the seas” (see Ocean dead zones to expand, “remain for thousands of years”).
A new documentary on
ocean acidification is airing tonight (Saturday) on Planet Green at 8 pm. (You can find your Planet Green channel on their website.) Here’s the trailer:

25 de setembro de 2009

As outras eleições: Não era óptimo ver isso suceder em Lisboa?

"Eram sete horas da manhã do dia 17 de Fevereiro de 2003 quando ocorreu uma mudança histórica na cidade de Londres.

A partir desse momento, todos os veículos que quisessem circular ou estacionar no centro da cidade durante os dias de semana passaram a pagar uma "taxa de congestão", que é hoje de oito libras (nove euros). Os residentes têm direito a um desconto de 90 por cento e estão isentos de pagar a taxa se estacionarem em garagens ou zonas designadas. Veículos com baixas emissões de CO2, de emergência ou usados por deficientes, transportes colectivos, assim como motos e bicicletas estão também isentos.

O cumprimento destas regras é aferido através de câmaras que identificam automaticamente as matrículas, que são diariamente confrontadas com o registo dos pagamentos feitos. [...]"

Eleições: As contas dos outros

"1. Já conhecíamos as propostas, à PC e à CDS, de redução dos impostos (ou não aumento dos mesmos) e de ampliação do fornecimento de serviços e bens públicos. Propostas só possíveis de concretizar, como se sabe, no maravilhosos país da soma, onde a subtracção é uma operação lógica e empiricamente impossível. Nesta campanha eleitoral ficámos a conhecer duas novas variantes daquelas velhas propostas.

2. A primeira foi lapidarmente apresentada por Francisco Louçã nos debates televisivos. Consiste em, através da nacionalização de empresas-chave no domínio da energia, aumentar a receita do Estado, por apropriação pública dos dividendos gerados por uma Galp nacionalizada, e, simultaneamente, diminuir os custos públicos da energia, baixando os preços praticados por aquela empresa. Ficamos sem saber como é que com preços de venda dos combustíveis mais baixos poderia a Galp gerar os mesmos rendimentos que hoje gera e que Louçã reclamou para aumentar a receita do Estado. Enigmas do maravilhoso país da soma, o único em que a redução dos preços de venda de um produto não se subtrai aos resultados operacionais da empresa que os pratica.

3. A segunda variante é mais sofisticada, procedendo à anulação do tempo. Paulo Rangel explicou-a com clareza: é possível reduzir impostos e taxas sociais e aumentar as prestações sociais suspendendo o que designa por “megaprojectos” (tipo TGV). O problema é que os tempos de diminuição da receita por via fiscal e de aumento da despesa por aumento das prestações sociais coincidem, mas a poupança com a suspensão dos grandes projectos só se faz sentir dois ou três anos depois. O maravilhoso país da soma é pois, neste caso, um país sem tempo, o único em que a proposta do PSD não será uma proposta de explosão do défice das contas públicas."

Que não haja dúvida sobre isso

"A less apocalyptic but more likely danger derives from the observation made by the science-fiction author William Gibson: “The future is already here, it’s just unevenly distributed.”"
- tirado de Get Smarter - The Atlantic (July/August 2009): o artigo tem piada, mas gostei muito da citação.

Eleições: a crise dos outros - Irlanda

"[...]Such are the straitened circumstances of Ireland’s public finances, however, that the government is having to countenance cutting social welfare entitlements just to contain the deficit at current levels. Where several European Union countries have announced stimulus packages, Ireland has no resources to soften the impact of the recession, with the budget swinging from a small surplus in 2007 to a projected deficit equivalent to 12.2 per cent of GDP this year. [...]"

Eleições: uma apreciação do programa do PSD

"Lido o programa do PSD, o que fica é um conjunto de vacuidades com as quais qualquer pessoa de bom senso tende a concordar.Nas áreas duras das políticas públicas - educação, saúde, segurança social - encontramos omissões significativas combinadas com enunciados genéricos. É por isso que se em 38 páginas é possível vislumbrar a resposta à pergunta "que fazer?", raramente se encontram indícios que nos permitam responder ao bem mais exigente, "como fazer? [...]".

Agradecia que não vissem nesta cornucópia de notas um esforço [adjectivem como queiram] para influenciar os resultados eleitorais: trata-se simplesmente de arrumar - ou de eliminar, na maior parte dos casos - coisas que a seu tempo achei com interesse.

Eleições: boas práticas dos socialistas que Portas não gosta


"In 2001 newspapers around the world carried graphic reports of addicts injecting heroin in the grimy streets of a Lisbon slum. The place was dubbed Europe’s “most shameful neighbourhood” and its “worst drugs ghetto”. The Times helpfully managed to find a young British backpacker sprawled comatose on a corner.

This lurid coverage was prompted by a government decision to decriminalise the personal use and possession of all drugs, including heroin and cocaine. The police were told not to arrest anyone found taking any kind of drug. This “ultraliberal legislation”, said the foreign media, had set alarm bells ringing across Europe. The Portuguese were said to be fearful that holiday resorts would become dumping-grounds for drug tourists. Some conservative politicians denounced the decriminalisation as “pure lunacy”. Plane-loads of foreign students would head for the Algarve to smoke marijuana, predicted Paulo Portas, leader of the People’s Party. Portugal, he said, was offering “sun, beaches and any drug you like.”

Pois, não foi isso que sucedeu...

As invasões dos bárbaros: crítica a um livro publicado agora


"Book review Sunday: Europe's Barbarians AD 200-600, by Edward York Leonard Lipschutz over on MEDIEV-L contributes this:

Last month Edward James, author of The Franks (1988) published an outstanding new scholarly work, Europe’s Barbarians AD 200-600 (2009). The first chapters provide an up-to-date chronological survey, and analytical chapters expertly review current debates, on ethnicity, archaeology, reception by Rome, migration, assimilation, conversion and government. The bibliography is super.

At p. 50 he calls movements of Visigoths and Vandals, movements of “barbarian peoples,” showing reluctance to depart completely from old paradigms. But in the analytic portion, at p. 172, he caves in, stating: "My own conclusion would be that the break-up of the Western Roman Empire occurred because, in the different provinces, local populations began to give their allegiances to local warlords, rather than to the emperor, because those warlords were more effective as protectors and patrons. Not all these warlords were barbarians, but the majority were, because of the domination of barbarians within the Roman army."

At the end of the book he states that he has not addressed directly the role of barbarians in the collapse of the western empire. Indeed, he does avoid saying anything about Heather’s Huns thesis. But James seems to anticipate further paradigm changes than he has conceded: "We tend to laugh or sneer at the simplicities or distortions of past views of the barbarians; sooner or later, this will be the fate of this book too."Regarding ‘warlords’ it would be helpful to have a bold admission that the original forces of Alaric, Geiseric or Clovis, usually described as peoples or tribes, were in fact mercenary armies recruited on Roman soil and named for the ethnic origin of their leader.

Regarding ‘the break-up,’ most likely it was not Huns, but a Roman struggle for power in 405 that set off a series of events leading directly to the break-up. When Stilicho finally hired Alaric, in that year, to support his intended attack on the east, the great eastern minister Anthemius responded in kind by hiring Radagaisus and Godegisil to raise armies in Pannonia and create a diversion in the west. Goffart made such a suggestion on p. 79 of Barbarian Tides (2006), and I think that interpretation will ultimately prevail."

Eleições: os capítulos secretos dos outros


"[...] 3. Usando a mesma ligeireza, apetece-me hoje dizer que o programa do BE tem um capítulo secreto sobre aumento dos impostos: de todos os impostos, para todas as pessoas. Não é isso que lá está escrito? Claro, é secreto… Mas faz sentido, pois como o BE quer nacionalizar o sector da energia e aumentar o investimento e a despesa pública sem freios “economicistas”, não poderá fazer outra coisa que não seja aumentar generalizadamente os impostos, para todos. Um capítulo secreto, sem margem de dúvida.[...]"

Recordam-se da polémica, da acusação de paternalismo, e de desrespeito dos direitos de cada um?


"The number of heart attacks has fallen steeply in countries where bans on smoking in public places have been introduced, according to two independent reviews".

Pois, nunca ouviram falar de externalidades negativas.

Limites de sustentabilidade

"Despite the apparent stress that humanity is causing to the Earth system, defining sustainable limits for our own existence has proved to be something of an intractable problem. But what if we could define global sustainability numerically? In this issue of Nature, a group of renowned earth system and environmental scientists led by Johan Rockström of the Stockholm Resilience Centre make a first attempt at estimating boundaries for the biophysical processes that determine the Earth’s capacity for self-regulation."

Eleições: "É da natureza dele"


"Quando se candidatou à Presidência, Cavaco Silva fez da cooperação estratégica o alfa e o ómega do que seria o seu papel em Belém. Hoje, é claro que, enquanto o PSD teve lideranças nas quais Cavaco Silva não se revia, a acção de Belém foi de facto instrumental na capacitação do Governo para levar a cabo políticas estratégicas para o País. Mas, uma vez resolvida a questão interna do PSD, a natureza táctica da cooperação saltou à vista. [...]"
Pois!

Aqui está o que é uma boa notícia para o futuro



Tenho falado da importância da Lua para uma estratégia Henriquina (sim, do Infante D.Henrique, o navegador) para a primeira fase da colonização humana do espaço - ver aqui, aqui e aqui. A confirmação da existência de água na Lua, embora com algumas qualificações, vem dar mais força a essa tese:
"The Moon continues to surprise us," said Carle Pieters, principal investigator for the Moon Mineralogy Mapper (M cubed) at Thursdays press conference. "Widespread water has been detected on the surface of the Moon. You have to think outside of the box on this. This is not what any of us expected decades ago."

O Google e o aquecimento global: A visitar

- tirado de Climate Feedback: Google Earth launches climate change tours

24 de setembro de 2009

"Belmiro e as condições para apoiar Manuela"

  1. A epígrafe é o título de parte da crónica de Nicolau Santos, no Expresso, Suplemento de Economia, no último sábado. Se não leu, devia ler ainda - poderá estar já on-line.
  2. Todos reconhecem a frontalidade de Belmiro de Azevedo. A frontalidade é um bem precioso em Portugal, porque escasso. Daí devermos imputar a crédito do empresário essa sua qualidade, além de outras suas bem consabidas pelo País. A crítica frontal, o combate de idéias duro, o apontar do que se considera errado, o protesto contra aquilo que é injusto, são práticas todas elas necessárias em democracia, mesmo que algumas não as consideremos correctas, ou as valorizemos como descentradas e/ou desproporcionadas. O poder político em democracia é sujeito do escrutínio e da crítica pública que tem só como limite o que a lei prevê de responsbilidade individual quanto ao que se diz dos outros. Por isso é bom que existam Belmiro de Azevedos.
  3. O que é absolutamente inadmissível a um qualquer cidadão com poder económico, a qualquer partido, a qualquer governo, seria actuar pela calada, tentando desvirtuar o jogo democrático, formatando, nomeadamente, para o efeito, a linha editorial dos órgãos de comunicação social que influenciam desta ou doutra forma.
  4. Isso é diferente da tentativa de influenciar o trabalho da comunicação social - todos o fazem, embora uns melhor do que os outros. Eu compartilho das preocupações de Pacheco Pereira sobre a comunicação social - só não percebo duas coisas: o que existe na matriz comportamental, cultural, ideológica do PS que faz com que ele seja, nessa matéria, a personificação do mal; e o que faz com que o PSD, na sua opinião, seja tão inatamente diferente do PS?

Eleições: a agenda oculta do Público

Medeiros Ferreira diz, no seu blogue, que, ao contrário do Expresso, o Público e o DN estão na campanha. Pois. Acontece é que eu desconfiava há muito que o Público estava em campanha, e não tanto por causa da licenciatura, das casas, do Freeport, como sugere o Expresso.
A primeira vez que tal me veio à cabeça decorria a campanha contra os "desmandos" da ASAE, iniciada no Público, e potenciada pelo António Barreto: - foi a desmesurada, a hiperbólica, indignação do "Eles estão doidos". Ora, para minha surpresa na altura, todos os casos badalados, e caricatos, invocados como exemplos da má-prática da ASAE, foram desmentidos, de modo convincente (pelo menos para mim), um a um, por aquele senhor de bigode que, depois, foi apanhado a fumar onde não devia. Estranhei a discrepância completa entre a acusação factual (e hiperbólica) e o desmentido factual (comedido e racional) - o caso era um daqueles onde uma das partes está inequivocamente a mentir, onde o factual só se pode aplicar a uma das alternativas [no entretanto, fui constatando que, apesar da qualidade dos desmentidos, a opinião-pública tinha sido capturada pela versão vendida pelo Público - a esta distância, e em retrospectiva, sabendo o que se sabe, foi um erro o Governo não ter intervido a defender enfaticamente a ASAE].

[A má regulamentação, ou a boa regulamentação mal monitorizada ou mal aplicada, têm consequências nefastas, nomeadamente, para a produtividade e a competitividade de um país. Mas, a contrário, a boa regulamentação, e a sua correcta monitorização e aplicação, têm o efeito contrário, porque introduzem níveis superiores de exigência e fortalecem a boa concorrência. A falta de competitividade de Portugal, e o seu desempenho insuficiente em termos de produtividade - que explicam, em parte, o endividamento externo - têm na informalidade, no mercado negro, nas más práticas comerciais, na insuficiente exigência e qualidade na actividade económica, uma das suas causas mais importantes. O País necessita, portanto, da ASAE, e duma ASAE rigorosa - em Portugal, as leis não são aplicadas e monitorizadas de modo adequado. Não ficou provado, pelo menos para mim, que a ASAE tenha extravasado das suas competências, ou que tenha actuado sem bom senso. Como deixou de aparecer nas notícias, espero que não tenha sido castrada na sua diligência]

Não me agrada discutir a actuação do Público nos outros casos - as estratégias e as motivações são menos claras, e dou de barato, como é óbvio, que uma boa comunicação social tem de escrutinar os políticos, e mesmo que a intenção, a calendarização, a sistematização, a coordenação, a amplitude do escrutínio, a discriminação, deixem travos na boca, imputemos tudo aos custos de termos as vantagens superiores de uma democracia. Gostaria, isso sim, no entanto, que a Comunicação Social se escrutinasse também; tivesse um meta-análise sobre o modo como as notícias são produzidas.  É curioso que o Director do Público se queixe, e aponte a significância da simultaneadade da eclosão do assunto na comunicação social concorrente - actuação de uma qualquer agência de comunicação, ouvi eu dizer do sub-director do Público - e nunca tenha relevado a significância do mesmo fenómeno, em termos de interesse noticioso, noutros casos: Freeport, por exemplo (ver o que disse aqui, a esse propósito). O modo como as notícias surgem, ou são produzidas, é em si mesmo notícia, e como tal é incorrecta a sua sonegação, por omissão, à opinião-pública - veja-se o que diz José Miguel Júdice sobre a actuação do DN no episódio do e-mail (aqui), e a contrário, o que a maioria dos comentadores de direita tem vindo a glosar sobre o assunto, nomeadamente, o incontornável Pacheco Pereira.

Bom, e depois, veio a história inqualificável - a todos os títulos - das escutas de Belém e o que o Provedor dos Leitores do Pública a questionar se o Público têm uma agenda oculta: "Subitamente neste Verão" - Portugal - DN e Provedor do 'Público' admite "agenda política oculta" - Portugal - DN: "Na sua crónica de hoje, Joaquim Vieira, provedor do leitor do Público, faz críticas à actuação do jornal, considerando que "do comportamento do PÚBLICO (...) resultou uma atitude objectiva de protecção da Presidência da República (PR), fonte das notícias". Para Joaquim Vieira, "isto, independentemente da acumulação de graves erros jornalísticos praticados em todo este processo (entre eles (...) permitir que o guião da investigação do PÚBLICO fosse ditado pela fonte da PR) leva à questão mais preocupante, que não pode deixar de se colocar: haverá uma agenda política oculta na actuação deste jornal?"" .

Enfim, desculpar-me-ão se aceito de todo a pertinência da pergunta de Joaquim Vieira, e que não tenha dúvidas sobre qual é resposta correcta.
No entanto, admitindo que o Público tenha uma agenda oculta - ou, com mais propriedade, o seu director e alguns dos jornalistas da redacção - o que teria motivado isso?

Krugman aprecia uma biografia de Keynes

Tenho uma nota para fazer sobre o artigo que Krugman escreveu para o NYT sobre a ciência económica e as reacções que isso provocou..., mas não vai, ainda, ser desta, pelo que fiquem-se, no entretanto, com a crítica que fez à biografia de Keynes, de Robert Skidelsky, publicada agora - a matéria como é bom de perceber cruza com o outro artigo. Leitura obrigatória, nos dias que correm, mesmo para quem não seja economista:


"[...] As you might guess, I do, in fact, have some questions about Skidelsky's conclusions, though not so much about how we got here as about what we do next. And those questions, in turn, centre on a long-running dispute over what Keynesian economics are really about.
In Part I of his 1936 masterwork, The General Theory of Employment, Interest, and Money, Keynes asserted that the core of his theory was the rejection of Say's Law, the doctrine that said that income is automatically spent. If it were true, Say's Law would imply that all the things we usually talk about when trying to assess the economy's direction, like the state of consumer or investor confidence, are irrelevant; one way or another, people will spend all the income coming in. Keynes showed, however, that Say's Law isn't true, because in a monetary economy people can try to accumulate cash rather than real goods. And when everyone is trying to accumulate cash at the same time, which is what happened worldwide after the collapse of Lehman Brothers, the result is an end to demand, which produces a severe recession.
Some of those who consider themselves Keynesians, myself included, agree with what Keynes said in The General Theory, and consider the rejection of Say's Law the core issue. On this view, Keynesian economics is primarily a theory designed to explain how market economies can remain persistently depressed.
But there's an alternative interpretation of what Keynes was all about, one offered by Keynes himself in an article published in 1937, a year after The General Theory. Here, Keynes suggested that the core of his insight lay in the acknowledgement that there is uncertainty in the world – uncertainty that cannot be reduced to statistical probabilities, what the former US defence secretary Donald Rumsfeld called "unknown unknowns". This irreducible uncertainty, he argued, lies behind panics and bouts of exuberance and primarily accounts for the instability of market economies."

Uma variante ao cenário onde o sapo é cozido lentamente


- Via Toles on the boiling frog « Climate Progress
PS: Embora seja uma excelente metáfora, segundo parece não é verdade que o sapo numa água progressivamente aquecida se comporte dessa forma (ver aqui). Bem bom para os sapos.

E continua: chuva e seca nos EUA

Continuar a ler em Hell and High Water hits Georgia « Climate Progress. Um excerto para enquadrar o gráfico final:

"[...] In fact, the last few decades have seen rising extreme precipitation over the United States in the historical record, according to NCDC’s Climate Extremes Index (CEI): An increasing trend in the area experiencing much above-normal proportion of heavy daily precipitation is observed from about 1950 to the present. Here is a plot of the percentage of this country (times two) with much greater than normal proportion of precipitation derived from extreme 1-day precipitation events (where extreme equals the highest tenth percentile of deluges, click to enlarge):

[...]"

Eleições: impostos

"Os números ontem divulgados sobre a distribuição estatística da imposição fiscal mostram a demagogia associada à ideia de aliviar a carga fiscal das PME, como defendem vários partidos. Na verdade, para além de o IRC ter hoje um escalão inicial de apenas 12,5%, ainda assim a grande maioria das empresas, em especial as PME, consegue não pagar nenhum imposto. No sector da hotelaria e da restauração apenas um em cada quatro estabelecimentos paga IRC [...]" .
Para continuar a ler no endereço acima.

23 de setembro de 2009

Gostava de saber onde se situaria Portugal neste gráfico

Peso da despesa pública


Peso da despesa pública no PIB, 2008Fonte: Eurostat


A nota é concluída da seguinte maneira:
" [...] 3. Resumindo. O programa do PSD propõe-nos que viremos costas à social-democracia escandinava e definamos como modelo de referência para Portugal os novos países do Leste. São escolhas. Mas depois não se queixem das suspeitas de um programa de privatizações generalizadas dos serviços públicos."
Posso aceitar a conclusão política sobre o PSD, mas fica-me uma dúvida: qual é a efectiva produtividade da despesa pública portuguesa quando comparada com os outros países europeus? Explico-me: não tenho nada contra o nível actual da despesa pública portuguesa, mas, tenho a certeza é que não estamos a obter, nós, os cidadãos, e o País, aquilo que poderíamos, e deveríamos obter desse nível de despesa, e isso tem implicações sérias em tudo o resto - nomeadamente, sobre a produtividade do país e o seu nível de competitividade. Donde, temos aqui duas coisas diferentes: reduzir o nível de despesa pública versus aumentar a produtividade do nível actual da despesa pública. No entanto, é provável que, com a continuação das reformas à Sócrates,  até seja possível, numa primeira fase, conseguir as duas coisas.

Para variar: o que se vai discutindo quanto à evolução da temperatura da Terra!



- tirado de NYT’s Revkin pushes global cooling myth (again!) and repeats outright misinformation. « Climate Progress. Justificar-se-ia uma leitura ...

22 de setembro de 2009

Pacheco Pereira, Santo Nome de Deus!

Pacheco Pereira (em desespero?) diz disparates, e disparates alucinados: ... e porque razão Cavaco iria dizer agora, em três dias, aquilo que não disse ao longo de longos meses. Pacheco Pereira sabe que diz disparates, mas mesmo assim diz-los. Porquê? Para controlar o prejuízo, para dar àqueles que votam no PSD, e àqueles que hesitam sobre essa possibilidade, o conforto da esperança de haver algo que justifique o que se passou, e a dúvida que arrime ainda aquela opção de voto.

Como diz António Vitorino a situação é alucinante. Mas se o Pacheco Pereira está em desespero, está em desespero porquê? Ele sabe que em democracia ganha-se e perde-se eleições - se não se ganhar desta feita, ganha-se da próxima, e isso será tanto mais provável, quando o PM é Sócrates (que, como é consabido na área do PSD, é mau; que, como pontifica o Prof. MRS, será sujeito a eleições no espaço de dois anos se ganhar estas; que não conseguirá enganar a maioria indefinidamente: é bom não esquecer que estamos em democracia). Será que receiam que Sócrates irá instaurar a ditadura, nesse intervalo de dois anos, concretizando a acusação de MFL de que tem "um projecto pessoal para o país"?
[Terei sido só eu que percebi que o maior insulto político desta campanha foi a imputação a Sócrates, pela MFL, de que ele tinha "um projecto pessoal para o país"? O "orgulhosamente sós" teve, convenhamos, uma incomparável sustentabilidade relativa]
Repito: porque é que perder estas eleições é tão desesperante para o PSD? Vejam o que escrevi na anterior nota - não devo estar muito longe da verdade.
Para quem é distraído (embora duvide que quem visite este blogue seja distraído, donde isto ser uma figura de retórica) aí vão duas peças do Diário Económico:


"Se Cavaco Silva tinha provas de que estava a ser espiado desde, pelo menos, Abril de 2008, não podia passar um ano e meio a agir como se nada se passasse. A questão é naturalmente séria de mais para ser tratada com a ligeireza e superficialidade que Belém lhe terá dedicado.
Bem sei que, como lembrava Ferreira Fernandes este fim-de-semana no DN, Portugal se tem transformado num país onde as suspeitas e os achismos valem bem mais do que os factos, ainda assim só havia um cenário possível: retirar a confiança política ao primeiro-ministro.
Se o Presidente achava que podia estar a ser escutado e/ou espiado - conforme as versões -, devia ter apurado se as suspeições tinham fundamento. O seu lugar institucional obrigava-o a recorrer ao secretário-geral do sistema de informações ou ao Procurador-Geral da República. Se não o fez, e optou por fazer chegar a informação a um jornal, deixou de confiar em duas instituições vitais. Tinha naturalmente de retirar consequências."


"O silêncio ambíguo de Cavaco Silva quando foi publicada a primeira notícia, no "Público" a 18 de Agosto, sobre as suspeitas de que o Governo andava a espiar a sua actividade, através de escutas colocadas no Palácio de Belém, causaram perplexidade. Afinal, não era um disparate de Verão?

Quando o DN noticiou, na passada sexta-feira, que o assessor Fernando Lima tinha encomendado uma notícia sobre estas escutas, através do mesmo jornal, a resposta ambígua de Cavaco Silva serviu apenas para confirmar que, afinal, era mesmo verdade, o Presidente suspeitava da existência de escutas. Até porque, nessa resposta, afirmou-se atento "às questões da segurança" e disse que não era ingénuo.

A declaração do director do "Público", José Manuel Fernandes, de que o SIS poderia estar envolvido na notícia do DN, porque citava um ‘email' trocado entre o referido assessor e um jornalista do "Público", só serviram para adensar o trama.

O primeiro a desmentir-se foi o director do "Público", porque, afinal, não teria existido uma violação do sistema informático do jornal. O segundo foi o próprio Presidente ao demitir o assessor Fernando Lima, a forma encontrada para dizer ao país que a conspiração não tinha tido a sua participação ou conhecimento e limitar, assim, os danos deste caso, já óbvios.

A decisão de dimitir Fernando Lima - que não é um caso particular da Presidência, como afirmou Manuela Ferreira Leite para justificar o seu silêncio sobre o caso - confirma a existência de uma conspiração a partir de Belém contra o primeiro-ministro, afecta a imagem do "Público" neste processo pela forma como o seu director assumiu ‘as dores' da Presidência, arrasta o PSD neste pântano institucional e partidário e, mais grave, põe em causa a sua própria autoridade e independência políticas.
A decisão de Cavaco Silva serve, apesar de tudo, para responder à pergunta colocada ontem neste espaço: os portuguesees podem confiar nas ‘secretas' portuguesas e o regime democrático não está em causa, porque, afinal, não há escutas promovidas pelo SIS ou outro órgão de informação a mando do Governo. Se existissem, o Presidente já teria, com toda a certeza, actuado..."



Eleições: as implicações (para mim) do último episódio de Belém

Foi sempre minha convicção que a sucessão de casos que tem vindo a atingir o PS, e o seu Secretário-Geral, resultam de um esforço planeado, concertado a diversos níveis [ver aqui o que escrevi oportunamente sobre isso], e com diversas cumplicidades; acomodado, facilitado, participado e desejado por diversos interesses, de diversos quadrantes da sociedade portuguesa; justificado ética (sim, ética: não são só os marxistas-leninistas que invocam os fins para justificar os meios), ideológica, táctica e estrategicamente.
Esse esforço teve o seu primeiro momento com a Casa Pia; intensifica-se e diversifica-se com  Sócrates como Primeiro-Ministro: - ele perfilou-se, aos olhos da opinião pública, como alguém susceptível de enfrentar os problemas do país, de lhes dar uma solução aceitável, e como tal de prolongar o consulado socialista por alguns bons anos. Este último facto implicaria necessariamente um rearranjo das forças internas aos partidos da direita, com consequências drásticas para alguns dos seus sectores, mas o facto potencialmente mais disruptor e perigoso para os conservadores portugueses era ser, o sucesso de Sócrates e do PS, potenciador de alterações culturais profundas (por eles consideradas como tal) no tecido sociológico do país: aborto, divórcio, casamento dos homossexuais, drogas, etc., etc..
Era necessário destruir Sócrates de qualquer forma.
Estou convencido que a intencidade do ataque a Sócrates, o tom desabrido e desproporcionado que assumiu, se inscrevem nesse feixe de razões - tinha-me perguntado aqui das razões do ódio a Sócrates; a semana passada António Costa qualifica também o ataque como ódio; Clara Ferreira Alves intitula a sua crónica do Expresso - devem lê-la - de A culpa é do Sócrates e acrescenta o sub-título qualificante de Sócrates tem citações a mais; no Expresso, outros articulistas, alguns com alguma supresa minha, repisam o tema.

É minha convicção que já se passou do que era expectável em termos de combate político. O relativismo de muitos é que todos fazem o mesmo, quando chega a sua vez, e os Freeports duns são os Submarinos dos outros. Bom: em nenhuma circunstância eu sou capaz de conviver bem com isso: não sou um relativista do ponto de vista moral e sou contra todas as pulhices, independentemente do quadrante donde vierem [e por isso mesmo, as minhas convicções, ou conjecturas, são sempre de cariz popperiano]. Mas, em todo o caso, mesmo aceitando a tese do relativismo, o que se está a passar passa, de modo significativo, das marcas.
Aquilo que se passou em Belém, no Público, e o último episódio, validam as minhas conjecturas: estão a brincar, de modo inqualificável com a democracia portuguesa, e isso é imperdoável.
Tentarei explicar-me melhor em outras notas, ainda esta semana.

21 de setembro de 2009

Eleições: Cavaco e o meu voto nas presidenciais

Não sei se a história de Belém com o Público irá influenciar as próximas eleições legislativas, mas que influencia o modo como irei votar nas presidenciais, disso não haja dúvidas.
Tinha vindo a encarar como uma séria possibilidade a de votar Cavaco para um segundo mandato, hipótese condicionada a quem seria, presumivelmente, escolhido pela esquerda: para mim seria uma primeira vez já que, nunca, votara à direita do PS. Não vale a pena perder muito tempo a explicá-lo: tratar-se-ia de evitar a eleição de alguém que, no meu juízo, não estaria preparado para o efeito.
Este episódio das escutas arredou para sempre essa possibilidade. Pensei ainda tecer algumas considerações sobre o assunto - um bocado de paranóia, como alguém o disse, é necessária, mas o que nos distingue, e distingue bem, é o modo como lidámos com ela - mas isso não é necessário quando outros o fazem melhor do que eu. Alguns exemplos que respiguei:
Já muito se disse e escreveu sobre a forma como o Presidente da República actuou neste processo, a forma como fez chegar a um jornal dúvidas e desconfianças que, a serem verdadeiras, deveriam ter tido outro destinatário, o Procurador, e outra consequência, a demissão do Governo.
Não tendo havido nenhuma das duas, estamos perante uma actuação parcial e política de Cavaco Silva, alinhado com o PSD, para descredibilizar o Governo e o PS. Mas, esta questão, sendo grave, é do foro político.
A outra, muito mais grave, ultrapassa o resultado eleitoral do próximo dia 27 e diz respeito à desautorização de que foram alvo os serviços de informação nacionais quando Cavaco manifesta as suas dúvidas em relação às questões de segurança, nomeadamente o SIS, serviço que o próprio Cavaco Silva criou quando era primeiro-ministro. Nos termos ambíguos em que o fez, sob o manto das eleições dentro de uma semana.
Como o Diário Económico escreve na edição de hoje, a reforma orgânica das ‘secretas', a criação do cargo de secretário-geral do Sistema de Informações da República Portuguesa dependente do primeiro-ministro e que coordena o SIS e o SIED, foi o único, e último, acordo de regime em Portugal. Foi feito entre o PS, o PSD e o CDS, foi, aliás, um dos raros casos em que os socialistas aprovaram uma proposta dos social-democratas.
Agora, Cavaco põe em causa este modelo, o que é legítimo, através de uma declaração pública, o que é ilegítimo. Os serviços de informação de um Estado, mesmo de um Estado como o português, que não tem o nível de ameaças que se vê em países como os EUA ou mesmo Espanha, são também o garante da Democracia e não podem ser postos em causa da forma irresponsável como se viu e ouviu nos últimos dias. Cavaco Silva não só não protegeu os serviços de informação como o SIS na ressaca dessas críticas e acusações, como acentuou as suspeitas. Então, sr. Presidente, os portugueses podem confiar nas ´secretas' portuguesas?





"[...] 3- Depois entregou-me um dossier sobre um Rui Paulo da Silva Figueiredo que é adjunto jurídico do PM, trabalha para o MAI, já passou pelos gabinetes de diversos ministro e, segundo o Fernando Lima, terá tentado entrar para o SIS mas chumbou. 4- Este tal Rui Paulo acompanhou a visita do PR, não se sabe como e e segundo o Lima “procurou observar”, o mais por dentro possível, os passos da visita do Presidente e o modo de funcionamento interno do satff presidencial”. Ao satff do PR terá percebido isso bastante cedo e redobrou os cuidados [...]"

" [...] Passada a época das tontarias, no Domingo passado o Provedor do Leitor do Público revelou que as alegadas escutas não se baseavam em qualquer "indício palpável", para além "de um indício, sim, mas de paranóia, oriunda do Palácio de Belém". Mais, todas as informações recolhidas pelo correspondente do jornal na Madeira que contradiziam a fonte de Belém haviam sido ostensivamente ignoradas aquando da publicação das notícias. Entretanto, ontem, o DN revelava um e-mail onde se dá conta do modo como, alegadamente, um assessor de Cavaco plantou a notícia [...]".

"[...] Uma história que os próprios jornalistas admitiam ter origem num estado de "paranóia", suspeita assente num guião de condimento sul-americano - faz-se luz numa viagem presidencial à Madeira, espiada de perto por um membro do gabinete do primeiro-ministro. É evidente que a história só poderia sair no "único jornal português que não está vendido ao poder". Ou seja, no Público. E a história acabou por fazer caminho. A pedido do Presidente? Não pode ser. Não pode, por muito que alguém que exerce funções de responsabilidade pública odeie alguém com quem está obrigado a relações institucionais.

Custa a crer, mas a pista está no e-mail: a alegada operação de Belém junto do Público data de Abril de 2008, há mais de um ano, num tempo em que Cavaco jurava fidelidade à "cooperação estratégica", quando, aparentemente, já estávamos num tempo de conspiração estratégica. Ontem, enquanto Sócrates agia dizendo que o Presidente está "acima da disputa eleitoral", Cavaco rejeitava "fazer comentários que possam ter conexões político-partidárias", acrescentando, contudo, a vontade: "depois das eleições não deixarei de obter informações sobre questões de segurança".

O Presidente acaba por alinhar com uma das partes - aquela que sustenta a tese da asfixia democrática. A questão que se põe é, pois, séria: qual será o relacionamento entre estes dois órgãos de soberania, caso Sócrates ganhe as eleições? Sendo que já não há cara para máscaras."


"O Diário de Notícias confirma hoje que a historia da "espionagem" do Governo sobre Belém foi forjada pelo assessor do Presidente da República Fernando Lima, que a "plantou" no Público, nao tendo havido a mínima confrimação factual da inverosímil história. O episódio revela um inaudito grau de paranóia política em Belém, que só pode comprometer Cavaco Silva, mesmo que não tenha fundamento a alegação de que a acusação foi feita a pedido do próprio Presidente.O Presidente só tem uma saída para varrer a sua testada: afastar imediatamente a conspirativa personagem. Quem tem assessores destes tem de se responsabilizar por eles."

19 de setembro de 2009

E continua: balanço energértico da Terra - o desiquilíbrio acumula-se

Figure 1: Time history of energy flow into Earth's climate, calculated from the derivative of the Earth's heat content using Domingues 2008 for upper ocean heat (Murphy 2009).

Figure 2: Cumulative energy budget for the Earth since 1950, showing mostly positive and mostly long-lived forcing agents from 1950 through 2004.

Figure 3: Cumulative negative forcings such as stratospheric aerosols, direct and indirect aerosol forcing, increased outgoing radiation from a warming Earth, and the amount remaining to heat the Earth.

É informativo. Ler Measuring Earth's energy imbalance do Skeptical Science onde se dá conta de trabalho recente de contabilização do efeito acumulado de um conjunto de factores que conformam a evolução recente (desde os anos 50 do século XX) do balanço energético da Terra. Transcreve-se abaixo o primeiro parágrafo da nota e a sua última frase.

"When the Earth is in energy imbalance, with more energy coming in than radiating back out into space, we experience global warming. How do we know if there's an energy imbalance? This can be determined empirically in two ways. Firstly, by using satellites to directly measure the difference between incoming energy from the sun and outgoing radiation from the earth. Secondly, by adding up the energy content of the atmosphere and ocean over time. The newly published paper An observationally based energy balance for the Earth since 1950 (Murphy 2009) does both. [...]"

"[...] when you look at the entire planet's heat content, a clearer picture emerges. The planet is steadily accumulating heat due to its energy imbalance."

Da importância do Sul dos EUA



"Worse « The Edge of the American West: This chart, gratuitously stolen from Steve Benen at The Washington Monthly, suggests strongly that political discourse in the United States is going to get worse rather than better. We have the perfect storm: an African-American President and an opposition party whose concerns, language, and obsessions is driven largely by the concerns, language, and obsessions of the American South. Those ideas–racial, cultural, martial–are what is going to drive the GOP until they escape their regional status. Jimmy Carter well knows this, and it is no coincidence that the current poster child for Republican obstructionism is South Carolina. We may date the finish of the Civil War to 1865, but the conflict has never really ended."

Países em vias de desenvolvimento e as alterações climáticas



"Most people in the West know that the poor world contributes to climate change, though the scale of its contribution still comes as a surprise. Poor and middle-income countries already account for just over half of total carbon emissions (see chart 1); Brazil produces more CO2 per head than Germany. The lifetime emissions from these countries’ planned power stations would match the world’s entire industrial pollution since 1850.

Less often realised, though, is that global warming does far more damage to poor countries than they do to the climate. In a report in 2006 Nicholas (now Lord) Stern calculated that a 2°C rise in global temperature cost about 1% of world GDP. But the World Bank, in its new World Development Report*, now says the cost to Africa will be more like 4% of GDP and to India, 5%. Even if environmental costs were distributed equally to every person on earth, developing countries would still bear 80% of the burden (because they account for 80% of world population). As it is, they bear an even greater share, though their citizens’ carbon footprints are much smaller"

18 de setembro de 2009

Diferentes abordagens à publicidade de preservativos

Bem feito...

"The missile defence shield which George Bush planned to deploy in eastern Europe was a system that did not work, for a threat that did not exist, to defend countries that had not asked for protection. Not our assessment, but that of Zbigniew Brzezinski, hardly a Russian apologist. He is, however, an American realist. Barack Obama's administration had already hinted at dropping plans to deploy a sophisticated radar station in the Czech Republic and 10 ground-based interceptors in Poland, so yesterday's confirmation was hardly unexpected. Still, the announcement represents a U-turn – a welcome one – and it will have regional and global consequences."

Continuar a ler em US missile defence: Shooting down Bush's plans Editorial Comment is free The Guardian: interessantes algumas implicações, que o articulista alega, para o projecto da construção europeia.

Durão Barroso noutros tempos...

Tem alguma piada, mas não acompanho o tom desdenhoso do articulista na implicação que tira ao fim:

"Barroso has clearly come a long way since those days, though I would imagine that the mastery of and bullshit jargon and obfuscation that he apparently acquired as a young Maoist must serve him well in Brussels."

Tirado e ler em Portrait of the Eurocrat as a young revolutionary FP Passport

17 de setembro de 2009

Você é um tipo novo (presumo eu que é requisito), visitou a Dinamarca há um ano e tal, e não se despediu da moça ?

Coisa feia aquela de não se despedir da moça: VisitDenmark’s Sexy Single Mom The Big Money
PS: Isto é um anúncio do serviço de turismo da Dinamarca: terá já sido retirado - iremos ver, um dia destes, uma sequela feita por Hollywood