31 de janeiro de 2009

"Freeport"

Ainda não é desta que faço um comentário estruturado sobre o assunto. No entretanto, chamo a atenção para o que a Causa Nossa tem vindo a escrever sobre o assunto: nomeadamente, hoje.

A primeira nota de hoje, Freeport (1), tocando a notícia sobre a casa comprada pela mãe de Sócrates, começa assim: "A campanha mediática contra Sócrates a propósito do Freeport está a atingir os limites da ignomínia jornalística [...]"

Continuar a ler em Causa Nossa.

PS: Perceberam (eu não percebi) que a casa (ou há mais de uma?) comprada pela mãe de Sócrates o foi em 1998 (o filho ainda não era ministro)?

O que, de facto, pensa o PSD...

Como disse a um amigo, os tempos que vivo são de "steady state" (auto-piada de econonomista para economista). Uma das manifestações dessa situação tem sido o nível de labor (opinativo) no blogue, e o acervo crescente de mensagens para publicar.


Para aquecer, deixem-me referir aquilo que António Borges, vice-presidente do PSD, disse numa entrevista, tal como a Causa Nossa o comenta. O mérito de António Borges é verbalizar aquilo que a elite que comanda o PSD nacional, neste momento, pensa do seu necessário (e devido) papel na cena política nacional. Não posso deixar de pensar que isso é relevante para perceber os contornos da conjuntura política que vivemos (estou deliberadamente a não ser claro).


A nota começa assim:" O vice-presidente do PSD, António Borges, não pára de surpreender nas suas singulares opiniões. Numa entrevista dada à Rádio Renascença, hoje trasncrita no Público, disse duas coisas extraordinárias: (i) que são de longe preferíveis as maiorias absolutas, mas desde que não sejam do PS (portanto, só as do PSD é que são virtuosas) [...]."


Para continuara a ler ir a Causa Nossa.

Clima, tempo e aquecimento global

Um erro habitual dos desatentos, é confundir "tempo" com "clima" - ajuizar da tendência de longo prazo, que é o clima, na base das condições metereológicas, prevalecentes num dado lugar, numa dada estação, que definem o "tempo" (ver aqui).












Recordo-me de ouvir, há alguns anos atrás, um comentador da TVI comentar jocosamente a possibilidade do aquecimento global face às condições de tempo, mais frias, prevalecentes, nesse Verão, em Portugal, embora - facto que não considerou - na mesma altura, a Grécia e a Turquia ardessem como tinha ardido Portugal no ano anterior.


As condições metereológicas que têm sucedido na Europa e nos EUA, este inverno, têm sido glosadas pelos "denegacionistas" do mesmo modo, apesar da evidência em contrário (aqui, aqui). Enquanto isso, no outro hemisfério, na Austrália (ver em Once-in-century Australian heatwave claims lives, homes):


"Australia's second-largest city Melbourne was struggling to cope Saturday with a once-in-a-century heatwave that has claimed dozens of lives and sparked wildfires that have razed up to 20 homes.More than 500,000 houses and businesses in the city of five million were left without power on Friday night after an electrical substation exploded in the heat.












[...] authorities said big fires continued to burn in the rural Latrobe Valley, 100 kilometres (62 miles) from the city, threatening a major power supply and a number of homes amid persistent 40-45 degree heat."These are unprecedented conditions. It's the hottest week since records began," said Victoria's state leader John Brumby."












Quer o que se passa no hemisfério norte, quer no hemisfério sul, nesta altura do ano, não pode ser, só por si, tomado como evidência da não existência ou existência do aquecimento global. Mas, se se mantiver a persistência de invernos muito frios e verões muito quentes, esse padrão será consistente com o aquecimento global do planeta? Parece que sim: um clima mais quente será caracterizado por maiores amplitudes de variação do tempo, por maiores perturbações metereológicas, de todo o tipo, num sentido e noutro.

27 de janeiro de 2009

Já ouviram falar de Charles Stross?

Eu não! E isso é caso de admiração porque é um escritor de Ficção Científica (FC), e suficientemente bom pelo que percebo desta notícia de Brad DeLong (aqui).

Um blogue de economistas, o Crooked Timber, realiza todos os anos uma apreciação colectiva de um livro. Este ano, em vez de um livro decidiram apreciar a obra de um escritor, Charles Stross. Podem aceder às críticas de Krugman, de Brad de Long, ... em Charles Stross book event — Crooked Timber.
Nem todos os economistas gostam de FC, mas há bons economistas a gostar da boa FC.

Curioso

"In 2000, Harry Markopoulos, a Greek-American leading expert on derivatives, wrote to the U.S. Securities and Exchange Commission's Boston office to inform the federal watchdog of markets that Bernard L. Madoff was running "the world's largest hedge fund fraud." He stipulated that his "name not be released to anyone other than the Branch chief and Team Leader in the New York region, without my express permission." Markopoulos was worried about his safety and that of his family. He said his report was written solely for the SEC's internal use. He was clearly afraid of assassination. But his red flag was only one of 28 such warnings to the SEC in the first eight years of the 21st century."


Ler o resto em Commentary: Ignorance is not bliss.

Árctico: pode ser que não seja nada - a previsão do degelo é para o médio e longo prazo






As notícias do Árctico têm começado, nos últimos, a ser interessantes a partir do final da primavera. Este ano, o interesse está a começar em Janeiro.




Um dos inventores da pílula esclarece o que disse

Carl Djerassi, um dos inventores da pílula, esclarece o que disse: Response: I never blamed the pill for the fall in family size Comment is free The Guardian: "I never blamed the pill for the fall in family size. It's not about birth control; people make choices for personal and economic reasons. "

Comunicação social e a percepção do grande público sobre os perigos do aquecimento global

Com um novo Presidente dos EUA a falar, amiudada e enfaticamente, dos perigos associados ao fenómeno do aquecimento global, discute-se a responsabilidade da comunicação social pelo facto da opinião pública, numa sua parte significativa, segundo parece, não estar sintonizada com esse discurso político.
Num aparte ao acima dito: é significativo termos um político que faz pedagogia sobre um assunto que detectou como sendo importante, mesmo face a uma opinião pública, ou hostil, ou indiferente, ou ignorante - usualmente, trata-se de dizer aquilo que se pensa que os cidadãos querem ouvir; é significativo termos um político que detectou isso, e perceba todas as implicações do que está em jogo, e actue em função disso; é significativo termos um político que fale disso, no contexto da maior crise económica e financeira, dos últimos 80 anos, percebendo como a resposta a uma, passa pela resposta a outra. Meus senhores: poupem-se a trabalhos (a leituras, a estudos e coisas quejandas); sigam o exemplo de Nobre Guedes, e inspirem-se em Obama - ou se me engano muito, ou isto poderá vir a ser mesmo um bom conselho (a ver vamos).


Ler em Pushing the mushy middle Gristmill: The environmental news blog Grist.

25 de janeiro de 2009

Dois gráficos sobre a conjuntura económica nos EUA: Deflação; A economia e o sector financeiro nos EUA;


Oh diacho!

"The financial turmoil and the various actions by central banks reminded me of a quote from 1867 by Karl Marx:
“Owners of capital will stimulate the working class to buy more and more expensive goods, houses and technology, pushing them to take more and more expensive credits, until their debt becomes unbearable. The unpaid debt will lead to bankruptcy of banks, which will have to be nationalized, and the State will have to take the road which will eventually lead to communism.”"

Lido em Words from the (investment) wise 1.25.2009 The Big Picture.

Expectativas


Stanislav Yevgrafovich Petrov

Via Grasping Reality with Both Hands: In Praise of Stanislav Yevgrafovich Petrov tomei conhecimento do papel deste oficial soviético em se ter evitado a guerra nuclear, devido a um erro de computador, em 1983. Para ler a notícia mais desenvolvida ir a FAQ.

24 de janeiro de 2009

Aquecimento global e morte de árvores no Oeste dos EUA


Já tinha referenciado o problema numa entrada na secção "Sem comentário", mas a figura é sugestiva.


Mercados e concorrência

Aquilo que Eliot Spitzer e Mark Thoma nos dizem sobre o modo como, efectivamente, para além da invocação ideológica, se respeitava e queria a concorrência, nos tempos antes da crise, nos EUA, é verdade, explica parte do que se está a passar, e não pode ser esquecido (ver aqui e aqui o que se disse sobre este assunto e sobre Adam Smith), porque, é claro, os inimigos do mercado não são só aqueles que lucraram com a mitificação do poder desse próprio mercado. E esses outros inimigos do mercado e da concorrência, não são só a extrema-esquerda, os comunistas e os socialistas-românticos.












  1. America's Fear of Competition, by Eliot Spitzer, Commentary, Slate:

    "Although everybody claims to love the market, nobody really likes the rough-and-tumble of competition that produces the essential "creative destruction" of capitalism. At bottom, this abhorrence of competition and change are the common theme that binds together the near death of the American car industry, the collapse of the credit market, the implosion of the housing market, the SEC's disastrous negligence, the Madoff Ponzi scheme, and the other economic catastrophes of recent months."




  2. Mark Thoma comenta o artigo de Eliot Spitzer:



    "Congress and the executive branch have, to a considerable extent, been devoted to business interests in recent years. In essence the argument is that what's good for business is good not just for America, but for the whole world. The ideological basis for this approach is that the interests of business and of greater society always coincide so that maximizing business interests maximizes social benefits at the same time, and that a hands off approach from government is the best way to allow those coincident interests to express themselves.

    Unfortunately, however, this ideological foundation incorporated a flawed understanding of the interaction between market structure and social benefits, particularly the ability of markets to self-correct when the market structures deviate from the socially optimal structure. The result of this, particularly as it came to be applied in the political arena, contributed to the existence of cronyism, rent-seeking, institutions that became too big, interconnected, and too powerful to fail, and other problems. Political power combined with rigid ideology built upon a false premise - the doctrine of immediate self-correction by markets - gave us a result that was far from the competitive ideal presented in textbooks, a world that was far from the ideal competitive model that produces such large benefits for society."

Desvalorização ineficaz?

Article - WSJ.com: "LONDON (Dow Jones) U.K. businesses increasingly report a decline in exports, despite the continued rapid depreciation in sterling's exchange rate, the Bank of England's regional agents said Wednesday."

Esta tendência, a manter-se, tornar-se-ia motivo de séria reflexão com implicações noutros sítios e para a apreciação de algumas das soluções preconizadas para o combate à crise. No entretanto, a Irlanda queixa-se que a desvalorização do Reino Unido é competitiva - se o é, tal, pelos vistos, não produziu ainda efeitos.

Mas porque razão eu não fico (muito) admirado? Talvez porque a idéia que tenho da indústria do Reino Unido, importante que ela seja, depois dos impactos e das alterações que sofreu - da globalização, das deslocalizações, da importância que a actividade financeira aí assumiu - é que a sua competetividade é determinada, significativamente, por outros factores, que não só o preço - dito de outra forma, o RU já não tem sectores produtivos capazes de aproveitar a desvalorização em curso da sua divisa. Enfim, não sei. A acompanhar.

Instrumentos...


Os anos Bush

Os anos Bush em retrospectiva, passo a passo, através de excertos de depoimentos das mais diversas pessoas - comprido, mas interessante.

Retive este excerto - tem a ver com o momento económico:

"Robert Shiller, Yale economist who warned of a housing bubble:

  • The Bush strategists were aware of the public enthusiasm for housing, and they dealt with it brilliantly in the 2004 election by making the theme of the campaign the ownership society. Part of the ownership society seemed to be that the government would encourage home ownership and, therefore, boost the market. And so Bush was playing along with the bubble in some subtle sense. I don’t mean to accuse him of any—I think it probably sounded right to him, and the political strategists knew what was a good winning combination.

    I don’t think that he was in any mode to entertain the possibility that this was a bubble. Why should he do that? Attention wasn’t even focused on this. If you go back to 2004, most people were just—they thought that we had discovered a law of nature: that housing, because of the fixity of land and the growing economy and the greater prosperity, that it’s inevitable that this would be a great investment. It was taken for granted."

Ler em An Oral History of the Bush White House vanityfair.com

23 de janeiro de 2009

Warren Buffett fala de Obama

Tirado de Warren Buffett on Dateline The Big Picture: comparem com aquilo que alguns comentadores portugueses do centro-direita (caso de Pacheco Pereira), e da direita, dizem sobre o perfil de Obama.

Ordenados e salários


Inquietações

As reticências de Krugman quanto ao discurso inaugural de Obama. A crónica termina assim: "The economic crisis grows worse, and harder to resolve, with each passing week. If we don’t get drastic action soon, we may find ourselves stuck in the muddle for a very long time."

Ler em Op-Ed Columnist - Stuck in the Muddle - NYTimes.com.
PS: No Economist's View: "Threading a Needle" discute-se as perplexidades e incertezas que rodeiam a política económica da nova Administração, nomeadamente, no que se refere ao jogo económico-financeiro-cambial entre os EUA e a China. O excerto seguinte aponta para uma questão importante para nós, europeus da Zona Euro, a desvalorização do Euro, já referida por outros como necessária (Was the euro a mistake? vox):
"Moreover, China is only one player. Geithner & Co. would have to convince European policymakers that it was no in their best interest to take advantage of US and Chinese stimulus to depreciate the Euro. In other words, we need to all rise together or all sink together."

Conjuntura económica europeia: Alemanha


22 de janeiro de 2009

Conjuntura económica europeia: Reino Unido

A libra britânica tem vindo a desvalorizar de modo sustentado. Diz-se que uma economia não se deve comportar como os EUA, a não ser que seja um grande país (ou um bloco económico): "If you have a global reserve currency, if private demand for your debt is strong, if the flight to safety means that government borrowing costs remain low no matter how profligate the central bank, well, then you can do as America has done. If not, better prepare to have your capital dubbed "Reykjavik-on-Thames"."


Ler em The dollar is special Free exchange Economist.com.
PS: Willem Buiter discute as similitudes entre a situação islandesa (de que dá informação) e a britânica que analisa com grande detalhe. O que propõe face à leitura da situação actual do sistema financeiro britânico: nacionalização (temorária, obviamente) da banca; despedimento sem indemnização do corpo de gestores; etc..
Ler emFT.com Willem Buiter’s Maverecon Can the UK government stop the UK banking system going down the snyrting without risking a sovereign debt crisis?
PS (23.01.2009): Ler também em FT.com The Economists’ Forum Are UK banks too big to rescue?

Conjuntura económica europeia: Estónia

Na Estónia defende-se que o modo do país recuperar a competitividade passa pela diminuição dos salários nominais e dos preços (ver aqui quanto a Espanha).

PS (2009.01.23): Sobre a situação económica e financeira dos EM da UE, do Leste Europeu, não pertencentes ao Euro, ler The looming divide within Europe vox - Research-based policy analysis and commentary from leading economists.

Adam Smith

" [...] Adam Smith was not a doctrinaire laissez-faire advocate."

Ler em Economist's View: "Adam Smith On State Expenditures and Interventions".

China próxima da recessão


20 de janeiro de 2009

Krugman fala da situação económica de Espanha

Krugman fala de Espanha e afirma que o Euro poderá estar a tornar a situação pior. O que diz é de reter, e é referido por outros. Mas, e a Hungria e o resto da Europa de Leste (a pertencente à UE)? E a Islândia? E o RU? E era possível ter a UE, com livre circulação de capitais, e sem o Euro? Estamos a presenciar a maior experiência económica de sempre ... .
Ler em The pain in Spain … - Paul Krugman Blog - NYTimes.com

Não tenho emenda!

Em Letterman’s Top 10 George Bush Moments The Big Picture.

Última comunicação da Administração Bush

Eu tinha-me comprometido comigo próprio que não colocaria no blogue mais material sobre a defunta Administração Bush, mas este vídeo do Daily Show, Final Message From the White House, é demasiado oportuno (e importante) para eu o não divulgar.


Na coluna da direita, neste blogue

A secção deste blogue "Sem comentário" - a epígrafe já não é adequada, de um ponto de vista estrito, já que, de vez em quando, até surge um - tem recebido material novo.

A ler

A crónica A República Económico é de Bruno Maçães. Não gosto do facto-pretexto usado para a escrever, nem concordo com algumas apreciações, mas o que diz, nalguns aspectos, "rings true", vai ao âmago do problema. Retire-se-lhe a "metafísica" e substitua-mo-la por tudo aquilo que se enquadre no "formal", "institucional-jurídico", e estamos aí...

Berta Cabral?

Já me pronunciei sobre a tese do "fim de ciclo do PS", no que respeita ao que os sucessivos resultados das eleições açorianas podem sustentar a esse respeito - a meu ver, não sustentam (ver aqui).

Independentemente da discussão dos resultados eleitorais, se encarando todo o outro tipo de argumentação - saída de César, Berta Cabral como candidata forte, etc. - continuo a não aceitar como segura a tese do fim do ciclo do PS (um destes dias, explico-me melhor). Admito, no entanto, que a crise económica mundial, europeia e nacional, tenha vindo introduzir um grau superior de incerteza naquilo que prevejo como mais provável quanto a 2012. Não tenho dúvidas que os Açores serão atingidos pela crise; não sei com que intensidade - o regime económico prevalecente nos Açores, sobredeterminado pela influência da despesa e investimento públicos, tem, à partida, uma boa capacidade amortecedora quanto aos choques económicos de fora (isso é outra discussão a ser feita neste blogue). Dando de barato essa incerteza, não será, contudo, de esquecer, que a crise acontece logo no início deste novo quadriénio, sendo de esperar que 2012 venha a encontrar a economia mundial, nacional e regional, num processo sustentado de recuperação e crescimento, com tudo o que isso pode implicar em termos de expectativas e de apreciação de quem esteja no Governo. O PSD, não deveria, também aqui, contar muito com o contributo da crise.

Berta Cabral é, por ela própria, uma candidata diferente e forte (sobre candidatos fortes ver, contudo, de novo, aqui ). Como acontece com tudo, as possibilidades de ter sucesso dependem do modo e da circunstância. A circunstância tem a ver com condições objectivas, com a actuação dos adversários, com o inesperado que possa acontecer, etc.. Não creio que o enquadramento objectivo de 2012, e a actuação do PS, favoreçam o PSD. O modo prende-se quer com aquilo que, de pessoal, Berta Cabral traz ao cargo de líder da oposição - e aí não tenho nada a qualificar - e ao que, de novo, de pensado, de estratégico, o PSD possa apresentar. E, é neste particular, que as coisas se complicam, de modo definitivo, para ele.

O pouco que tenho ouvido, não aponta para nada de bom. Mesmo que considere, a esta distância, que (quase) tudo favoreça o PS em 2012, seria bom para o PSD (no pós-2012), para a Região, e para tónus democrático do regime autonómico, que o maior partido da oposição viesse trazer algo de substancialmente diferente em termos programáticos, e de perspectivação estratégica, à cena política açoriana. Ora, o que tenho ouvido, é tão-somente a reciclagem do argumentário político do PSD, ao longo do denominado ciclo socialista. Esse argumentário não é bom, nunca foi bom!

Por tudo isto, estou de acordo com aquilo que Nuno Tomé escreveu, no AO, ontem, na sua crónica. Como sempre, muito boa. Não lhe faria qualificações - acentuaria, que aquilo que se diz na segunda parte da crónica, é de ser tido em linha de conta por toda a classe política açoriana e retirar-lhe-ia uma frase, ou escrevê-la-ia de modo diferente (adivinhem).

A minha preocupação com os Açores, não passa tanto pelo que possa suceder nos próximos anos - e ninguém está em condições de precisar as dificuldades do que irá suceder - mas, de modo definitivo, com o que sucederá no médio e longo prazo.

Obama

Powerful, e não trivial: por exemplo, as referências aos descrentes, ao aquecimento global. ...
Quanto ao que se vai embora, o sentimento predominante é de comiseração.
PS: Ler, de Pedro Adão e Silva, Os trabalhos de Obama Económico. O artigo tem como pretexto a carta aberta de Krugman a Obama, a que referi aqui.

Astronomy Picture of the Day - 20 de Janeiro: Imagem a 360 graus feita pelo Spirit


Bonestell Panorama from Mars Credit: Mars Exploration Rover Mission, Cornell, JPL, NASA




Explanation:
If you could stand on Mars -- what could you see? One memorable vista might be the above 360-degree panoramic image taken by the robotic Spirit rover over the last year. The above image involved over 200 exposures and was released as part of Spirit's five year anniversary of landing on the red planet. The image was taken from the spot that Spirit stopped to spend the winter, near an unusual plateau called Home Plate. Visible on the annotated image are rocks, hills, peaks, ridges, plains inside Gusev crater, and previous tracks of the rolling Spirit rover. The image color has been closely matched to what a human would see, and named for the famous space artist Chesley Bonestell.

- Devem visitar a Astronomy Picture of the Day de hoje para terem esta imagem panorâmica com uma dimensão maior (Archive, 20.01.2009). No dia em que Obama toma posse, esta fotografia representa o que os EUA têm de melhor (que, obviamente, não se confina, longe disso, ao seu contributo para o futuro da humanidade, no espaço).

18 de janeiro de 2009

Pois é!

"As Darwin cautioned: "It is not the strongest of the species that survive, nor the most intelligent, but the ones most responsive to change."

Lido em Darwin's theory turned bosses into dinosaurs Business The Observer.

[Notas - 14.12.2008] A gestão das expectativas

[Esta nota tinha sido publicada neste blogue em 14.12.2008, mas, por engano, limpei-a]
  1. Gerir as expectativas da população de um país, ou de uma região, no contexto de uma crise mundial, não é tarefa fácil. O Governo da República tem o feito, a maior parte do tempo, do modo que seria de esperar de qualquer governo na mesma situação - no entanto, a afirmação do Primeiro-Ministro de o ano de 2009 ir trazer melhorias aos cidadãos decorrentes das descidas das taxas de juro, da inflação, do preço do petróleo, não foi feliz - para variar - na forma e no modo como foi articulada (o mesmo tinha sucedido, embora de modo menos grave, com as declarações do VPGRAA, sobre o mesmo assunto: ver aqui). [esta apreciação foi, no entretanto, qualificada aqui] Isso poderia ter sido referido, mas como algo que atenuaria os impactos da crise em Portugal e que potenciaria as medidas de política tomadas, ou a tomar, que vão no mesmo sentido. No entretanto, o modo como a oposição se tem comportado neste particular é inqualificável. Miguel Sousa Tavares, na sua última crónica no Expresso: Francamente, para que serve o PSD? diz tudo aquilo que eu gostaria de dizer a este propósito. Aliás, o que diz sobre a percepção dos cidadãos sobre a democracia e políticos, e a dos políticos sobre a democracia e os cidadãos, devendo ser qualificada em alguns aspectos - e assim sucede, porquê? - é um bom juízo de realidade (quando o Expresso publicar na net essa crónica, vou recuperá-la - essa parte - neste blogue).
  2. Quanto à sua suspeita dos economistas não servirem de muito, não estou de acordo, mas esta deve ser uma questão a equacionar e a encarar de frente. Existe uma discussão em curso na profissão sobre se teria sido possível antever o que iria suceder (ver aqui exemplos), e temos mesmo economistas a listar o que previram (o que os preocupava) e quais foram as suas surpresas. Havia muitos economistas preocupados com o que estava a suceder há alguns anos a esta parte, mas a história económica prima, como qualquer outra história que se preze - o contexto altera-se - por escrever os novos episódios, com uma combinação de novidade e de regularidades verificadas antes - daí parte da surpresa. Os economistas estão na situação dos médicos no final do século XIX, antes da penicelina e outros remédios: sabem o que faz mal à saúde económica, os cuidados de prevenção a ter, mas nunca têm a certeza de que forma a doença se vai revelar, nem têm remédios rápidos e indolores para debelá-la quando ela irrompe - esta é uma analogia que foi feita por outros (Krugman, por exemplo). Naturalmente, que nem todos os economistas estão em condições de se pronunciar - é um caso da especialização, da carreira profissional, de ler ou não, de investigar ou não - e mesmo quando se quer investigar, nem sempre existem os instrumentos para tal (por exemplo, a pobreza das estatísticas sobre a economia dos Açores não incentiva a investigação académica nesse domínio, e isso terá os seus custos). Mas quando os economistas se pronunciam, aquilo que dizem deveria merecer, pelo menos, a atenção que um médico recebe quando fala da necessidade de fazer exercício, de não aumentar de peso, etc., etc.. Os maus comportamentos pagam-se, aqui, com as crises.

Como será 2009, em termos económicos?

Alguns economistas respondem: o quadro como seria de esperar não é bom - surgem, na margem, contudo, algumas opiniões menos pessimistas sobre o momento do início da recuperação (mais cedo do que se espera).
Chamo atenção, nomeadamente, para os artigos da Foreign Policy:






  • Tirado do RGE Monitor's Newsletter:

    Navigating the First Global Economic Recession

    With the industrial world already in outright recession and the emerging world navigating towards a hard landing (growth well below potential) we expect global growth to be flat (around -0.5%) in 2009. This will be the worst global recession in decades as the fallout of the most severe financial crisis since the Great Depression took a toll first on the U.S. and then – via a variety of channels of recoupling – on the rest of the global economy.

    We forecast that the United States economy is only half way through a recession that started in December 2007 and will be the longest and most severe in the post war period. U.S. GDP will continue to contract throughout all of 2009 for a cumulative output loss of 5% [...] our forecast is much worse than the current consensus forecast seeing a growth recovery in the second half of 2009; we also predict significantly weak growth recovery – well below potential - in 2010. [...]

    The latest cyclical upswing in the Eurozone (incl. large four Germany, France, Italy, Spain) was largely driven by a temporary but powerful boost to domestic investment from disappearing risk premia in the aftermath of the adoption of the single currency, and by external demand from a buoyant world economy.
    Both demand sources fizzled out by the second half of 2008, leaving the Eurozone as a whole and its largest members exposed to diverging deleveraging patterns in the face of suboptimal EMU-wide automatic fiscal stabilizer mechanisms. The latest record low readings of leading and sentiment indicators point to a severe recession ahead in 2009 that shapes up to be worse than the 1992/93 crisis. For the Eurozone we expect a below consensus y/y contraction in real GDP of around –2.5%, with negative growth in each of the four quarters of the year.

    The United Kingdom economy is poised to shrink in 2009. Our forecast of a -2.3% growth in real GDP is below consensus as we do not expect a recovery in the second half of the year.

    [...] Countries with the largest current-account deficits—notably Estonia, Latvia, Lithuania, Romania, Bulgaria — are the most exposed to sharp corrections. Estonia and Latvia are already in the midst of sharp recessions, and Latvia turned to the IMF for help in December to avert crisis. The risk of an outright financial crisis is high in a number of countries in this region.





    [...]We expect Asia ex-Japan’s growth to slow down sharply to 3.8% in 2009. Hong Kong, Singapore and Taiwan will remain in recession through H1 2009, which might extend into Q3 2009 while the ASEAN economies will slow significantly from the 2004-07 growth trends. We believe China will experience a hard landing in 2009, with growth unlikely to exceed 5%, a sharp slowdown from the 10% average of the last 5 years. The reversal of capital flows and high credit cost will pull down India’s growth significantly to around 5% in 2009 from an estimated 6% in 2008. Japan’s domestic demand continues to be an unreliable growth driver, and its export machine - the growth engine of recent years - is stalling given the global contraction and a stronger yen. Consequently, we foresee real GDP growth contracting 2.5% in 2009 after almost flat growth for 2008 as a whole.

    Australia's recession will likely end in 2009 after starting in Q4 2008. Average annual GDP growth in 2009 will be flat to sluggish (0-1%) after registering an estimated 1.6% in 2008. New Zealand may have a tougher time than Australia during the global recession, with GDP expected to contract 1% in 2009 after growing around 1% in 2008.

    Given that the global recession will reduce demand for Middle East and North Africa’s resource and non-resource exports, and the global liquidity crunch will reduce capital inflows, growth is expected to slow to an average of 3% in 2009 from almost 6% in 2008.
    [...] Commodity prices, which already fell sharply in the second half of 2008, will face further price pressure in 2009. We estimate an average WTI oil price of $30-40 a barrel in 2009, as the fall in demand continues to outstrip supply cuts and production delays.




  • Foreign Policy: The Worst Is Yet to Come

    "Five economists whose prophetic warnings went unheeded preview the next stage of the global financial crisis."
  • 2008: Annus Horribilis, RIP The Big Picture


    "The Aftermath of Financial Crises: What happens to an economy after a financial crisis?"

Notícias sobre as economias da Zona Euro (incluindo a portuguesa)

O trabalho de arrumação das referências que fui acumulando ainda não está concluído. Desta vez, são diversos apontamentos sobre a situação das economias da Zona Euro, incluindo a portuguesa(a última referência abrange economias não europeias). A relativa a esta última, merece um tratamento posterior (talvez articulado com a prometida segunda nota sobre a entrevista ao AO).



A leitura destas notas é deprimente (nomeadamente, a relativa a Portugal). Têm contudo (algumas delas) uma colecção extensiva de gráficos, que abrangem quase todos os aspectos da situação económica desses países nos últimos anos.












































Coisas tristes (VI) - ainda sobre Israel e a Palestina

No seguimento do que disse aqui: A Causa Nossa [Permanent Link] chama a atenção para um comentário de um israelita à intervenção em Gaza: "este artigo [...] deveria ser lido pelos que defendem acriticamente a eterna opção bélica de Israel no conflito com os palestinianos."

Keynes e Friedman

Continua a discusão sobre a dimensão da responsabilidade dos economistas no eclodir da crise (mesmo na bloguesfera portuguesa): não a deveriam ter previsto? não a deveriam ter prevenido? até que ponto a economia, como área do conhecimento, está à altura da cientificidade que reclama para si?
Já falei disso neste blogue (não consigo, no entanto, situar em que nota - o que é muito irritante) e tenciono voltar a fazê-lo. Para já como intróito a esse regresso, deixo uma citação (muito conhecida) de Keynes e dois artigos sobre os dois economistas mais influentes do século XX, Keynes e Friedman: um de Martin Walker, jornalista da UPI; o outro é de Krugman, e é do melhor que li sobre Friedman. Leitura recomendada, e não só a economistas.
Mais do que quaisquer outros economistas, a estes aplica-se esta frase de Keynes:


"The ideas of economists and political philosophers, both when they are right and when they are wrong, are more powerful than is commonly understood. Indeed, the world is ruled by little else. Practical men, who believe themselves to be quite exempt from any intellectual influences, are usually the slaves of some defunct economist."
Keynes e Friedman, nesta conjuntura, continuam a estar no âmago da discussão do que deve ser feito quanto à crise:


Carta aberta de Krugman a Obama

Um economista no seu melhor: Krugman escreve a Obama sobre o que este deve fazer: ler em What Obama Must Do : Rolling Stone.
O documento é notável a diversos títulos. Incide, como seria de esperar, principalmente, sobre a crise, sobre o que nos levou a ela, sobre o que deve ser feito, e isso, à luz do que se fez quanto à depressão iniciada em 1929. Acaba por ser uma lição (claro, muito sintética) da história económica norte-americana no século XX. Mas, fala também, de como a reforma do sistema de saúde norte-americano responde a problemas de justiça social e de eficiência económica. Aborda a questão da resposta aos problemas colocados pelas alterações climáticas e sugere uma comissão (à sul-africana) para inspeccionar o que sucedeu durante os anos Bush. Aquilo que Krugman diz não prima pela novidade para quem tem acompanhado o que ele tem vindo a escrever. A qualidade tem a ver com a pedagogia, a fundamentação, a coerência, a abrangência, e a limpidez do que escreve. Por favor não deixem de ler.
Uma advertência: aqui existem lições que podem ser transpostas para Portugal e para a Região (por exemplo, sobre o desagravamento fiscal) e referências a condições que cá não existem (por exemplo, o facto da dívida pública norte-americana conseguir financiar-se, neste momento, a custo (quase) zero).

Não vou fazer a transcrição da carta. Só transcrevo a pergunta com que Krugman inicia a parte relativa à crise e a primeira oração da resposta; e a parte relativa às alterações climáticas:


  1. "How bad is the economic outlook? Worse than almost anyone imagined..."
  2. "There are many other issues you'll need to deal with, of course. In particular, I haven't said a word about environmental policy, which is ultimately the most important issue of all. That's because I suspect that it won't be possible to pass a comprehensive plan for dealing with climate change in your first year. By all means, put as much environmentally friendly investment as possible — such as spending to enhance energy efficiency — into the initial recovery plan."

PS: Aproveito para arrumar aqui uma nota de Martin Wolf, do Financial Times, sobre o plano de Obama para estimular a economia: FT.com / Columnists / Martin Wolf - Why Obama’s plan is still inadequate and incomplete (para ver mais ir aqui).



17 de janeiro de 2009

Coisas tristes (V)

Desde o primeiro momento fui, totalmente, contra a II Guerra do Iraque; fui, mesmo antes do primeiro momento - o 11 de Setembro - a favor da invasão do Afeganistão. A minha posição, no segundo caso, resultou (nomeadamente) do conhecimento que tinha da situação miserável em que viviam as mulheres sob o regime talibã: estava a ver o segundo avião a bater nas torres, e a pensar comigo mesmo, com satisfação, que os americanos iriam ao Afeganistão.

As razões mantém-se:

"Ms. Husseini is a student at the Mirwais School for Girls outside Kandahar. Two months ago, as she was walking to school with her sister, a man on a motorcycle sprayed her with acid, burning her face and eyelids. Fourteen other students and teachers were attacked that day in an attempt to shut down the school. It failed.

As Ms. Husseini told our colleague Dexter Filkins, “The people who did this to me don’t want women to be educated. They want us to be stupid things.” Ms. Husseini’s parents told her “to keep coming to school even if I am killed.”

Ler o resto no Editorial - ‘They Want Us to Be Stupid Things’ - NYTimes.com.

PS (18.01.09): Naturalmente, isto cruza com o dito em Coisas tristes (IV) - embora, de que modo, e em que exacta medida, isso possa ser discutido. Comecei agora a ler o Expresso, que fala da questão, e gostaria de reter, da crónica de Henrique Monteiro, esta frase (susceptível de ser aplicada a mais de um contexto): "... Por isso preferimos raciocinar sobre construções a fazê-lo sobre a realidade para assim construirmos um mundo de fantasia."

Comportamento das exportações de alguns países até Dezembro passado



- o gráfico é do NYT e apanhei-o no Global Slowdown in Exports The Big Picture.

Retrospectiva da cobertura do The Daily Show do percurso de Barack Obama

- tirado de Barack Obama: Path to the Presidency - The Daily Show - NewsCloud.com
PS: e ainda sobre o Presidente Eleito ler em Climate Progress » Blog Archive » Obama’s amazing speech at wind-turbine-parts maker, um seu discurso sobre energias renováveis. O colaborador do Climate Progress termina a nota com este comentário: "Finally, a President who gets it".

Daqui a 40 anos (ou menos)

"Nearly 2 billion people in Asia, from coastal city dwellers to yak-herding nomads, will begin suffering water shortages in coming decades as global warming shrinks glaciers on the Tibetan Plateau, experts said.
The plateau has more than 45,000 glaciers that build up during the snowy season and then drain to the major rivers in Asia, including the Yangtze, Yellow, Brahmanputra and Mekong.
Temperatures in the plateau, which some scientists call the "Third Pole" for its massive glacial ice sheets, are rising twice as fast as other parts of the world, said Lonnie Thompson, a glaciologist at Ohio State University, who has collected ice cores from glaciers around the world for decades."

Para continuar a ler em Tibetan glacial shrink to cut water supply by 2050.

16 de janeiro de 2009

Vida em Marte?


É uma séria possibilidade. Ver em Plumes of methane gas found on Mars - Los Angeles Times.

Deflação nos EUA?






A preocupação é grande e generalizada: Real Time Economics : Economists React: Deflation Threat Is 'Real'.


Mas existem receios em relação a Portugal (ver aqui).
PS: O gráfico não ficou muito bem, mas a linha de evolução é clara - o gráfico retrata a evolução anual dos preços ao consumidor, nos EUA.

Bancos e conjuntura

A situação do sistema bancário - pelo menos, nos EUA, RU, Alemanha... - continua a primar pelo não regresso à normalidade. Nos EUA, dois dos maiores bancos, o Citigroup e o Bank of America estão em sérias dificuldades: Above the fold Free exchange Economist.com, e segundo parece, em todo o lado a banca não estará a cumprir com o serviço que se espera dela: fornecer liquidez, crédito, à economia real.



Willem Buiter’s Maverecon disseca em FT.com Willem Buiter’s Maverecon Time to take the banks into full public ownership o quadro de condicionantes e de incentivos que explicam a actuação da banca (em parte criados pela própria intervenção governamental em apoio da sobrevivência do sistema financeiro) e avança com a solução:







"There is a better alternative. The alternative is to inject additional capital into the banks by taking all the banks into full public ownership. With the state as sole owner, the existing top executives and the existing board members can be fired without any golden handshakes. That takes care of one important form of moral hazard. Although publicly owned, the banks would be mandated to operate on ordinary commercial principles. Managers could be incentivised by linking remuneration to multi-year profitability. The incentives for excessive liquidity accumulation and for excessively cautious lending policies that exist for partially nationalised banks and for banks fearing nationalisation would, however, be eliminated."
É bom de notar que aquilo que é proposto, parece corresponder ao que foi feito na Suécia em princípios da década de 90 (ver aqui).

Qual o posicionamento de 2008 quanto ao aquecimento global?

A NASA responde:




  • "NASA's Goddard Institute for Space Studies has released its final report on "2008 Global Temperatures." Last year "was the coolest year since 2000." Given 0.05°C "uncertainty in comparing recent years," NASA "can only conclude with confidence that 2008 was somewhere within the range from 7th to 10th warmest year in the record.""
    The bigger climate news, of course, is that "in the period of instrumental measurements, which extends back to 1880 ... The ten warmest years all occur within the 12-year period 1997-2008."
    That's why the climate story of the decade is that the 2000s are on track to be nearly 0.2°C warmer than the 1990s. And that temperature jump is especially worrisome since the 1990s were only 0.14°C warmer than the 1980s."



Para continuar a ler a discussão ir a A broken record Gristmill: The environmental news blog Grist.
Nota: Sobre a diferença entre "tempo" e "clima" - principalmente, na eventualidade de alguém ficar na dúvida face ao "tempo" frio que tem estado (não nos Açores) - revisitar esta nota.

Coisas tristes (IV)

Eu não ouvi o que o Cardeal Patriarca afirmou sobre o casamento entre mulheres cristãs e homens muçulmanos, mas aquilo que disse não deve ter sido muito diferente da posição que o Vaticano tomou sobre o assunto em 2004:



“When, for example, a Catholic woman and a Muslim wish to marry…bitter experience teaches us that a particularly careful and in-depth preparation is called for. During it [the preparation] the two fiancées will be helped to know and consciously ‘assume’ the profound cultural and religious differences they will have to face, both between themselves and in relation to their respective families and the Muslim's original environment, to which they may possibly return after a period spent abroad.”" Tirado de Muslim-Christian Marriage, With Eyes Open On Faith washingtonpost.com (opinião favorável aos casamentos entre cristãs e muçulmanos).
Esta questão é uma questão grave que tem afectado a vida de muita gente, e de modo muito desagradável. Tem a ver com diferenças culturais profundas como o afirma o Vaticano. E é bom perceber onde os problemas podem surgir. Existem inúmeros casamentos desse tipo, felizes e tudo o mais - e devem ser, não o duvido, a esmagadora maioria. Mas tudo é testado no limite, na margem - o que sucede quando este tipo de casamentos está no seu limite? Como, aliás, acontece nos casamentos em geral, os problemas sérios acontecem quando se verificam as crises - e as diferenças culturais é aí que são importantes porque moldam o modo como se gerem a crises, e as soluções que são encontradas para elas (ainda que a solução possa ser o divórcio).
Daí que o Cardeal Patriarca tenha razão - estou a partir do pressuposto de que não se afastou da declaração do Vaticano: devem haver cuidados prévios, e como disse Medeiros Ferreira (Bicho Carpinteiro), em todo o caso, no que respeita ao casamento convém sempre pensar duas vezes (estou a citar de cor).
Para mais informação sobre o tópico, é fácil (e viva a internet): pesquisa no Google com "muslim christian marriages": desisti de ver mais a partir da quarta, quinta entrada - a minha percepção (já antiga) sobre o assunto, confirmou-se...

Notícia sobre Portugal

Através da Causa Nossa apercebi-me das previsões da Economist Intelligence Unit (EIU) para Portugal em 2009. A magnitude dos números não surpreende e a referência à deflação (-0,3% em 2009), não sendo inesperada (os últimos valores do IPC indiciavam que tal pudesse vir a suceder) é deveras preocupante - a inflação média europeia quedar-se-ia por valores próximos do zero.

A notícia vem no Jornal de Negócios Online que refere que a previsão da EIU aponta para uma descida do PIB em 2%; um aumento do desemprego de 7,8 para os 8,9%; o agravamento do défice orçamental dos 2,4% para 4,5%. com esta situação a estender-se para 2010.

No entretanto, ver na nota da Causa Nostra o que Vital Moreira diz sobre a posição de Manuela Ferreira Leite em continuar a defender o desagravamento fiscal em sede de IRS, mesmo perante todo este quadro (não poderia estar mais de acordo).

Notícia sobre a Alemanha


Continuando a leitura do The Economist: um relato da resposta alemã à crise, e as dúvidas e críticas que acompanham a escolha dos instrumentos e das medidas, A late-breaking boost for Germany How very stimulating The Economist.

Enfim...

"Lack of curiosity also led Mr Bush to suspect intellectuals in general and academic experts in particular. David Frum, who wrote speeches for Mr Bush during his first term, noted that “conspicuous intelligence seemed actively unwelcome in the Bush White House”. The Bush cabinet was “solid and reliable”, but contained no “really high-powered brains”. Karen Hughes, one of his closest advisers, “rarely read books and distrusted people who did”. Ron Suskind, a journalist, has argued that Mr Bush created a “faith-based presidency” in which decisions, precisely because they were based on faith, could not be revised subsequently."

Para ler a apreciação dos anos Bush: Assessing the Bush years The frat boy ships out The Economist

The Economist faz o ponto da situação


The Economist faz o ponto da situação económica mundial e define-a como acelerando montanha abaixo - e conclui ser necessário reanimar a procura agregada mundial (a este propósito, ver também aqui):





"To mitigate these risks policymakers need to do more to prop up demand, especially in countries that have external surpluses [Ñota: não é o caso de Portugal]. Fiscal stimulus packages that seemed sufficient two months ago may be too small, and too slow to take effect. Much of the infrastructure spending in the package that China announced in November will not kick in until later this year. This week’s decision by Germany’s government to add a second €50 billion ($66 billion) stimulus package is a step forward, though at barely more than 1% of GDP it is still far too small (see article). For the time being, the biggest and quickest fiscal boost is likely to come from America, as the Obama team seeks speedy passage of an $800 billion package of tax cuts and spending. That sort of money may put a brake on the global industrial collapse, but it will not set the world economy on course for a sustainable recovery. Others still need to do far more."


Para ler o resto ir a The case for propping up demand Accelerating downhill The Economist.
PS: No que respeita ao crédito bancário no RU ver Britain's credit-guarantee plan Buddy, can you insure a loan? The Economist.
PS (1): Ainda: Why Europe is suffering Nowhere to hide The Economist.

15 de janeiro de 2009

Coisas tristes (III)

É triste, mas é verdade. Importa percebê-lo, de cabeça fria. A globalização, com todo o seu cortejo de desgraças - à luz dos nossos padrões - é melhor, no que oferece, do que as alternativas existentes em muitos sítios. É a partir daí, que a reflexão sobre o que se pode e deve fazer, deve partir. Ler em Economist's View: Sweatshops.

Energia e a conjuntura económica

O modo como evoluiu a problemática energética condicionou, de modo determinante, a conjuntura económica no ano que passou (ver o artigo de Martin Walker), e o modo como será equacionada na resposta à crise, terá uma importância decisiva no médio e longo prazo. À margem destas questões, a última referência tem a ver com com os problemas do abastecimento do gás russo à Europa.

Energia e o pico do petróleo


Na linha de arrumar aquilo que deixei acumular nas "mensagens não publicadas" do blogue, chegou o momento da energia versus pico do petróleo (não resisti a republicar o desenho acima, tirado do Climate Progress):